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Feito brincadeira
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Feito brincadeira

Desenvolvidos ainda no século XVIII, os quebra-cabeças revivem a fama do passado e voltam a ganhar popularidade em tempos de isolamento social. Jogo se tornou aliado da saúde mental e anima as rotinas das famílias
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Eugênia Cabral e Elisa, sua filha, tem mantido o hábito de montar quebra-cabeças juntas durante a quarentena (Foto: Paulo Pinheiro/Divulgação)
Foto: Paulo Pinheiro/Divulgação Eugênia Cabral e Elisa, sua filha, tem mantido o hábito de montar quebra-cabeças juntas durante a quarentena

Em tempos de confinamento e de rotinas completamente mudadas, os jogos analógicos revelam diversos modos de se encarar com certa leveza e persistência os desafios individuais e coletivos. Durante a quarentena imposta pela pandemia do novo coronavírus, muitas famílias têm se aberto a novas formas de descobrir, sem sair de casa, como viver seu próprio tempo de qualidade, peça por peça. Os nostálgicos quebra-cabeças, que fizeram parte do entretenimento de muitas gerações, têm se mantido como passatempo capaz de encantar diversas idades. Além disso, se tornou uma alternativa para ocupar o tempo livre e cuidar da saúde mental em meio ao isolamento social.

Para a psicóloga e professora universitária Ana Almeida, que já chegou a passar até quatro horas sem intervalo montando um quebra-cabeça, o brinquedo, além de aliviar as ansiedades da pandemia, tem sido um companheiro durante toda sua vida. "Desde a infância tem sido para mim uma atividade muito prazerosa. Eu fui crescendo e os quebra-cabeças foram crescendo junto comigo também, se tornando mais desafiadores", conta. Durante a quarentena, o brinquedo tem sido, mais do que um entretenimento, também uma importante terapia. "Todo o processo é lento, de separar as peças, procurar as cores, depois comemorar cada pequena parte montada. Nesse momento que a gente passa por tantas incertezas, essa atividade se tornou um daqueles pequenos prazeres que a gente reaprendeu a valorizar com a quarentena", pontua.

O gosto pelos quebra-cabeças também é um hobby que remonta à infância de Eugênia Cabral, jornalista e professora universitária. Atualmente, o prazer de encontrar cada peça é compartilhado com a filha Elisa Cabral, 6, que, assim como a mãe, aprendeu desde cedo a gostar desse tipo de desafio. "Quando meus filhos nasceram, eu deixei de lado esse hábito. Mas quando Elisa fez 5 anos começou a demonstrar uma facilidade muito natural para montar. Hoje ela se envolve muito e a gente sempre brinca juntas, geralmente antes da hora de dormir", conta. Durante a quarentena, elas têm montado uma réplica do quadro "A Santa Ceia", de Leonardo da Vinci, com mil peças. "É um exercício de paciência mesmo, eu acho que tem sido muito interessante porque preenche o nosso tempo sem eletrônicos e assim passamos mais tempo juntas", pondera.

O aumento da procura por quebra-cabeças por pessoas de diferentes faixas etárias durante o período de isolamento social tem se tornado uma forma de combater a ansiedade: concentrar energia na atividade se tornou um respiro necessário em meio a realidade de estresse provocada pela pandemia. "As pessoas podem utilizar esse recurso como um momento de interação que aproxima os moradores na própria residência, além de lembrar a infância. As atividades lúdicas incentivam o movimento do corpo, mantêm o foco e tranquiliza, estimula habilidades cognitivas. Quem monta se sente desafiado e pode crescer com isso", explica a psicóloga clínica Deyseane Lima, psicóloga clínica. Após a montagem, o quebra-cabeças pode ser emoldurado e integrar o ambiente da casa. "Essa pode ser uma representação de como a família superou e lidou com essa situação adversa", opina.

A invenção do quebra-cabeça é atribuída ao cartógrafo inglês John Spilsbury que, na segunda metade do século XVIII, criou um mapa sobre madeira e cortou os países em suas fronteiras. Como resultado, obteve um brinquedo didático que tinha o objetivo de auxiliar as crianças nas aulas de geografia. No século XX, o brinquedo se tornou mais acessível e cada vez mais as famílias passaram a ter quebra-cabeças em casa. Alexandre Pinheiro, que nunca tinha montado nenhum quebra-cabeças antes, foi incentivado por uma amiga a dar início a um novo hábito e aproveitar o maior tempo livre na quarentena. "Dois dias depois, fazendo compras em um supermercado, lembrei de verificar se vendia quebra-cabeça. Mesmo sendo a primeira vez que montaria um, escolhi comprar o de mil peças", relata.

Para ele, o quebra-cabeças foi um "mega-desafio". "Com o avanço da montagem, fui ficando motivado. Almoçava montando, a namorada assistia televisão ao lado e eu montado, quando eu resolvia ler e passava para cozinha para tomar uma água, parava para montar", recorda. Lili Freitas, que é professora de música especialista em arte-educação e mantém o canal "Lili e a Máquina do Som no Youtube", também escolheu um quebra-cabeças de 1500 peças, uma foto panorâmica da Skyline de Chicago, para se desafiar durante os dias de isolamento.

A meta de montá-lo em três dias foi alcançada pela professora com o máximo de concentração e paciência. "Foi um desafio pela quantidade de peças, pelo tempo, me colocou num nível de organização e atenção acima do normal", relata. Além de funcionar como passatempo, o jogo tem sido uma forma de relaxamento nos últimos dias. "Eu tava muito focada em produtividade, em fazer novas composições, estudar, criar, gravar vídeos, preparar aulas, desenvolver ideias novas. O quebra-cabeças me tirou dessa ideia de superprodutividade, me fez trabalhar a mente de um modo divertido", finaliza.

FORTALEZA, CE, BRASIL, 29-04-2020: Hayrles Freitas (Lili), Professora de Musica. Colecioa quebra-cabeça e esta praticando a montagem como entreterimento e desafio na quarentena. em epoca de COVID-19. (Foto: Aurelio Alves/O POVO)
FORTALEZA, CE, BRASIL, 29-04-2020: Hayrles Freitas (Lili), Professora de Musica. Colecioa quebra-cabeça e esta praticando a montagem como entreterimento e desafio na quarentena. em epoca de COVID-19. (Foto: Aurelio Alves/O POVO)

Dicas para montar quebra-cabeças para iniciantes, por Ana Almeida

Começar por um quebra cabeça com 500 ou 1000 peças

Escolher um local da casa que tenha iluminação, espaço para espalhar peças e que seja fixo.

Separar as peças das laterais e miolo e iniciar montando a borda

Separar as peças por cores ou setores da foto

Vibrar com as conquistas!

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