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Baixinhos sem nenhum preconceito
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Baixinhos sem nenhum preconceito

Cercado de críticas por setores mais conservadores, o livro infantil "Maya - Bebê Arco-íris", recém lançado por Xuxa Meneghel, é inspirado em história real
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Em Setembro, Xuxa havia lançado seu livro de memórias, que teve mais de cem mil cópias vendidas. Para o infantil, a artista se inspirou na história real de um casal de lésbicas que adota uma criança
 (Foto: IARA MORSELLI/AE)
Foto: IARA MORSELLI/AE Em Setembro, Xuxa havia lançado seu livro de memórias, que teve mais de cem mil cópias vendidas. Para o infantil, a artista se inspirou na história real de um casal de lésbicas que adota uma criança

Eternizada como a "rainha dos baixinhos", a apresentadora Xuxa Meneghel dedicou para o público infantil seu segundo livro, "Maya - Bebê Arco-Íris", que a editora Globo acaba de lançar. Com ilustrações de Guilherme Francini, a obra trata de forma lúdica um tema delicado: a criação de uma menina por duas mães.

Marya é uma anjinha que vive no céu e cujas as asas têm as cores do arco-íris - ela agora se prepara para voltar à terra como uma criança. Como ela é muito exigente na escolha dos futuros pais (espera ser recebida por pessoas compreensivas, amantes das artes e que a queiram bem, independente da cor da pele ou dos olhos), as opções vão se escasseando. Até que Marya recebe a visita do próprio Deus que, ao acolhê-la na mão, comenta que a menina espera, portanto, ter pais especiais, livres de preconceitos.

Deus, então, escolhe duas mães para receber a menina, cujo novo nome, escolhido por elas, é Maya. "E foi assim que Maya, nosso bebê arco-íris, chegou à terra. Hoje, vive com suas duas mamães, em um lar de muito amor, música e bichos", termina a história.

Xuxa se inspirou na história da menina Maya para escrever o livro. Filha de um casal de lésbicas, Fabiana e Vanessa, a garotinha de poucos meses de vida se tornou afilhada da apresentadora - Vanessa é sua amiga há 20 anos e o desejo dela de ser mãe por inseminação artificial ao lado da companheira a motivou a escrever a fábula de Maya.

Como fez com seu livro autobiográfico "Memórias", lançado em setembro e com mais de cem mil cópias vendidas, Xuxa se comprometeu a doar os royalties de sua nova obra para a Aldeia Nissi, na Angola, e para santuários de animais resgatados de maus-tratos no Brasil. Falando nisso, a artista pretende escrever outro livro para crianças - agora com temática vegana, a fim de mostrar uma relação mais adequada com a alimentação e com os animais.(Com Agência Estado)

Bate-pronto com Xuxa

O livro trata de temas importantes e delicados. Até que ponto você acredita que a criança brasileira é preparada para lidar com assuntos como a existência de uma anja (e não um anjo) e uma criança ter duas mães?

Xuxa - Essa representatividade é necessária, pena que complicamos, pois mexe com religião, com o preconceito enraizado... Além disso, percebo que uma falta de amor assola o nosso País e o mundo. Mas, se não falarmos de amor, não vamos combater a ignorância vestida de fé de algumas pessoas.

Livros infantis e infantojuvenis têm uma maneira de incutir informações e valores nos filhos e também nos pais.

Histórias clássicas para crianças têm personagens predominantemente masculinos e brancos. De que forma a tecnologia (redes sociais, principalmente) tem contribuído para refletir a cultura contemporânea, que tem muitos gêneros, entre as crianças?

Xuxa - No começo, pensei em colocar Deus como uma mulher negra. Mas como Deus é tudo, então, meu Deus (do livro) não tem cor nem gênero. Já que nós todos somos à imagem e semelhança Dele, né? E ELE é tudo, menos preconceituoso. Sobre rede social, como é uma coisa relativamente nova, ainda existe muito preconceito, ataques e, nesses casos, não acho que ajude muito a esclarecer assuntos como esses. Muitas vezes, como por exemplo quando você vê e ouve uma senhora religiosa xingar um casal gay, pode fazer as pessoas pensarem que uma senhora - que fala em nome de Deus - pode não estar errada. Quando, além de errada, ela está cometendo um crime ao ofendê-los: homofobia. Homofobia é crime e, vestida de fé, o crime deveria ser ainda maior.

Antes de publicar a história, você a submeteu para algumas crianças e também alguns adultos?

Xuxa - Li para o Ju (Junno Andrade, seu marido), para as mães da Maya e também para minha filha (Sasha). Não mudei uma vírgula, a reação deles foi de lágrimas emocionadas. Quem me conhece sabe que coloquei algumas coisas que a Sasha me passou quando pequena, ou seja, por mais que seja lúdico e fantasioso, tem muita verdade nele.

Capa do novo livro de Xuxa, voltado para o público infantil
Capa do novo livro de Xuxa, voltado para o público infantil

MAYA - BEBÊ ARCO-ÍRIS

De Xuxa Meneghel

Editora: Globo Livros

32 páginas / R$ 52

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