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A etiqueta do Whatsapp: confira dicas para utilizar o aplicativo de mensagens
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A etiqueta do Whatsapp: confira dicas para utilizar o aplicativo de mensagens

Especialistas dão recomendações de como utilizar o aplicativo de mensagens mais popular do Brasil, tanto no âmbito pessoal quanto no profissional
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Símbolos que remetem aos constantes estado de alerta das mensagens inspiraram a designer Letícia Bernardo (O POVO) na construção da capa desta reportagem
 (Foto: Letícia Bernardo/O POVO)
Foto: Letícia Bernardo/O POVO Símbolos que remetem aos constantes estado de alerta das mensagens inspiraram a designer Letícia Bernardo (O POVO) na construção da capa desta reportagem

Num ritmo cada vez mais acelerado, a conectividade redefine o cotidiano, as relações afetivas e o trabalho. O aplicativo gratuito de mensagens Whatsapp — "app" mais popular do Brasil — pode ser símbolo disso. A ferramenta possibilita o envio e o recebimento de textos, áudios, fotos, vídeos, figurinhas animadas, documentos, localização, chamadas de voz e vídeo, além da criação de grupos diversos. A mais recente atualização inclui, ainda, pagamentos entre usuários e aceleração da velocidade de áudios. Após o fechamento desta reportagem, talvez, um novo serviço já tenha sido implementado.

Em meio a tantas funções, costumes são desenvolvidos nesse espaço virtual, especialmente num momento em que os encontros físicos não devem acontecer (devido à pandemia da Covid-19). Aliás, há como dissociar o que é "real" e "virtual" no agora? Especialistas discutem as possibilidades comunicativas do aplicativo e indicam como utilizá-lo de forma saudável. Pronto para compartilhar nos grupos?

Postura e formas de se comunicar

"Educação e bom senso são a base de tudo", avalia Misia Rocha. Nos grupos e nas conversas privadas, deve-se ter atenção à postura durante as conversas e às formas de comunicar. No trabalho, seja com chefe ou com os demais colegas, no grupo ou no espaço virtual privado, é preciso ter uma certa "distância política e muito cuidado para não confundir as mensagens", diz.

Para Claudia Matarazzo, não é interessante checar as mensagens do "app" o tempo inteiro enquanto se está em conversas "olho no olho". Seja no âmbito profissional ou pessoal. A especialista em etiqueta alerta que isso demonstra desrespeito e desinteresse.

Se está on-line, está disponível?

"Não é bem assim", opina Alison Marques, jornalista e professor de Marketing Digital. Segundo o especialista em Gestão de Mídias Sociais, existe essa "falsa crença" nas relações cotidianas, mas é necessário romper com essa sensação. No trabalho, principalmente, isso acaba gerando "mais estresse e ansiedade", diz.

Símbolos que remetem aos constantes estado de alerta das mensagens inspiraram a designer Letícia Bernardo (O POVO) na construção gráfica desta reportagem
Símbolos que remetem aos constantes estado de alerta das mensagens inspiraram a designer Letícia Bernardo (O POVO) na construção gráfica desta reportagem

Imediatismos

Segundo Misia Rocha, consultora e sócia da Gomes de Matos, as mensagens não precisam necessariamente ser respondidas de imediato. A dica é escolher as conversas certas para responder de prontidão. Para Claudia Matarazzo, consultora de comportamento e moda, deve-se mencionar quando algo é urgente. Cobrar respostas não é uma boa postura. De acordo com a especialista em etiqueta, existe quem demora muito para responder e quem responde absolutamente tudo.

Caso o usuário demore mais do que o imaginado, talvez seja o caso ligar diretamente. Muitas vezes, isso depende de como cada pessoa se comunica. Já para os "que vivem colados" ao dispositivo e começam a estender o assunto, é preciso deixar evidente a disponibilidade e ser mais objetivo.

Atenção aos conteúdos falsos

De acordo com levantamento de 2019 da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, 79% dos brasileiros se informam pelo WhatsApp.

Quem lembra é Alison Marques. Para o professor, esse dado é "alarmante". "Isso está enraizado e as pessoas têm facilidade de acreditar em tudo que recebem. Além do volume alto de fake news (termo em inglês para notícias falsas), acontecem vários casos de golpes e precisamos nos policiar, nos educar". Alison acrescenta: "Precisamos ter atenção com o conteúdo que estamos consumindo e compartilhando, como links estranhos de sites não confiáveis, mensagens de golpistas pedindo dados e códigos enviados".

O aplicativo tem restringido os compartilhamentos e informado quando uma mensagem foi "encaminhada com frequência" — o que pode alertar sobre as informações, links e imagens repassadas rapidamente e para muitas pessoas de uma vez. Segundo o professor, uma política de checagem de fatos se faz necessária, "talvez por meio de inteligência artificial". Enquanto não é possível, mesmo com a pressa, o usuário deve verificar a procedência do conteúdo em jornais e agências de notícias especializadas.

Símbolos que remetem aos constantes estado de alerta das mensagens inspiraram a designer Letícia Bernardo (O POVO) na construção gráfica desta reportagem
Símbolos que remetem aos constantes estado de alerta das mensagens inspiraram a designer Letícia Bernardo (O POVO) na construção gráfica desta reportagem

E os áudios, heim?

Quando se fala em Whatsapp, um dos temas mais controversos são os áudios. Com o recurso de aceleração habilitado recentemente, a velocidade progressiva da vida tem sido discutida. Para Alison Marques, isso reflete o próprio cotidiano. "As pessoas não se escutam mais já há bastante tempo. Atender uma ligação parece coisa de décadas atrás. É comum a gente ouvir outras pessoas comentarem que não suportam falar no celular. Áudio? Só se não passar de um minuto. E, para muitos, um minuto é muito tempo", analisa.

Tanto Claudia Matarazzo quanto Misia Rocha advertem sobre os áudios longos ou com muitos ruídos ao fundo. Segundo Claudia, as mensagens de voz precisam ser breves e destinadas para um momento que seja mais descomplicado falar do que escrever. Além disso, alerta sobre como o recurso da voz requer intimidade, privacidade e tempo. O assunto é longo? Ligue! Quando possível, o texto é preferível.

No âmbito do trabalho, a relação com o áudio fica ainda mais complicada. Para Misia, depende muito de como cada grupo ou pessoa funciona. Muitas vezes, a percepção sobre a "emergência" é diferente. A dica é usar o áudio para assuntos mais delicados, para que o ouvinte saiba qual a entonação da voz. Muitas vezes, o texto pode passar um tom diferente, mais ríspido do que o desejado.

Olha os horários!

Para Misia Rocha, os usuários devem se policiar para não mandar mensagens fora do expediente ou horário comercial quando o assunto é trabalho, tanto no privado quanto nos grupos. A consultora lembra que o contato utilizado no aplicativo é pessoal, não profissional ou cedido pela empresa. Ela também alerta quem recebe e acaba lendo essas mensagens, pois é preciso se desligar um pouco dos dispositivos. Uma dica é desativar as notificações nas configurações do próprio celular. Aqui, a frase pode ser revertida: “Não deixe para hoje o que você pode dizer amanhã”.

Alerta "textão"!

Textos muito longos não são uma boa ideia, segundo Misia. De acordo com a consultora, se há uma história longa para contar, o usuário deve "picotar" para facilitar a leitura. Se for o caso, uma dica é abrir um documento, escrever e, em seguida, ir enviando em blocos o que pretende dizer.

A escrita

Misia Rocha lembra o bom uso do português nas relações de trabalho. De acordo com a consultora, os usuários devem evitar abreviações em alguns momentos. Além disso, ele deve atentar-se para o uso das vírgulas. "Uma vírgula faz toda diferença, pode mudar todo sentido da frase", conta. Caixa alta e baixa também fazem a diferença. "Quando você usa caixa alta, parece que está gritando".

Errou? Peça desculpas

Caso o usuário tenha se equivocado no envio de alguma mensagem (seja texto, áudio, figurinhas, imagens ou vídeos), Misia diz que o melhor é apagar e pedir sinceras desculpas.
Claudia lembra que, nos grupos de trabalho, a atenção deve ser redobrada. Antes de enviar algo, a dica é ler, reler e tomar ainda mais cuidado. O mesmo vale para quando o usuário reparar que se excedeu numa discussão com opiniões divergentes.

Para evitar

Religião, política e futebol são alguns dos temas para evitar em grupos que não são para discutir esse tipo de assunto.

Fotos, vídeos, emojis, memes e figurinhas

Podem ser uma boa alternativa quando se quer dar um tom mais informal e íntimo, mas também podem poluir o espaço virtual dependendo do objetivo do grupo.

Para Claudia Matarazzo, o emoji funciona para mostrar que você está ciente do assunto, mas não quer alongar o discurso. Além disso, o recurso também adiciona leveza à mensagem. No entanto, no privado, caso o usuário só responda assim, é preciso interromper a conversa — mostra que a pessoa está com pressa.

Os vídeos não precisam ser vistos de prontidão e o usuário que manda não deve esperar resposta “na hora”. Fotos “banais”, como mostrar sempre o que está comendo nos grupos, não são de bom tom.

Quem é você no Whatsapp?

Tipos de personalidades

- Entra e sai sem dar explicação;
- Inclui outros usuários em todos os grupos possíveis;
- Fala só com uma pessoa do grupo;
- Responde todos os participantes, um por um;
- Não responde ou acha que respondeu;
- Sempre escreve quando os demais estão calados há muito tempo;
- Envia áudios sempre que possível;
- Só responde com emojis ou figurinhas;
- Quem sempre manda saudações de “bom dia”, “boa tarde” e “boa noite”;
- “Tio do pavê”, manda todo tipo de foto, vídeo e piada;
- Esquece que o Whatsapp existe.

Fonte: Claudia Matarazzo e Misia Rocha

Panorama

Ainda na década de 1960, o filósofo canadense Marshall McLuhan disse que o mundo seria uma "aldeia global". Meio século depois, os programadores norte-americanos Brian Acton e Jan Koum criaram o Whatsapp. O aplicativo tem a premissa de possibilitar a comunicação sem barreiras, em qualquer canto do planeta, por meio da Internet. Desde 2014, o Whatsapp pertence ao Facebook, empresa do programador Mark Zuckerberg.

- 2 bilhão de pessoas utilizam o Whatsapp, em mais de 180 países;

- 1º no ranking de aplicativos mais utilizados no Brasil, de acordo com estudo de 2018 do site Mobile Time em parceria com a Opinion Box;

- 98% dos celulares smartphones do País têm o Whatsapp instalado, segundo pesquisa de 2021 da Opinion Box, realizada com 1.992 pessoas;

- Disponível em Android, iPhone, Mac ou Windows.

O livro
O livro "Sociedade do Cansaço", do filósofo e ensaísta sul-coreano Byung-Chul Han, discorre sobre a aceleração do cotidiano e o quanto essa pressa tem afetado diversos aspectos da vida. A obra está disponível nas plataformas virtuais da Amazon, Americanas, Magazine Luiza, Estante Virtual e mais. A dica é de Alison Marques

Estante

O livro “Sociedade do Cansaço”, do filósofo e ensaísta sul-coreano Byung-Chul Han, discorre sobre a aceleração do cotidiano e o quanto essa pressa tem afetado diversos aspectos da vida. A obra está disponível nas plataformas virtuais da Amazon, Americanas, Magazine Luiza, Estante Virtual e mais. A dica é do jornalista e professor de Marketing Digital Alison Marques.

“Sociedade do Cansaço”, de Byung-Chul Han
Editora Vozes
136 pág.
Preço Médio: R$ 20,90

Para acompanhar

Claudia Matarazzo
Mais info: www.claudiamatarazzoensina.com.br

Alison Marques
Mais info: www.linktr.ee/alisonvmarques

Misia Rocha
Mais info: www.gomesdematos.com.br

Podcast Vida&Arte

O podcast Vida&Arte é destinado a falar sobre temas de cultura. O conteúdo está disponível nas plataformas Spotify, Deezer, iTunes, Google Podcasts e Spreaker.

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