Reitor da Universidade Federal do Ceará (UFC), Henry Campos disse ontem que o decreto do Governo Federal que submete a nomeação de cargos como os de pró-reitores à Secretaria de Governo do Planalto "é uma violência extrema".
"Como é que você não tem direito de nomear a sua equipe?", questionou o reitor da instituição. "Não deixa de ser um crivo ideológico, o que é muito ruim."
Editado pela Presidência há duas semanas, o documento condiciona a aprovação dos nomes ao ministro da pasta, hoje ocupada pelo general Carlos Alberto dos Santos Cruz. A medida, muito criticada por reitores, fortaleceu a ala militar do governo.
Campos conduziu nessa segunda-feira o processo de elaboração da lista tríplice de nomes para a sua sucessão à frente da UFC. A votação começou às 14 horas e se estendeu até perto das 17h.
Segundo ele, o pleito seguiu "rigorosamente o que prevê nossa legislação, então não tem como esse processo ser contestado". Na última semana, o professor Cândido Albuquerque, segundo colocado na lista tríplice, entrou com mandado de segurança apontando manobra para retirá-lo da lista. O pedido não foi acolhido pela Justiça.
"Não há possibilidade (de contestar o processo) porque tudo foi feito dentro das normas", avalia o reitor. "A consulta transcorreu na mais absoluta normalidade, sem incidente ou denúncia."
Sobre o contingenciamento de R$ 46 milhões da UFC feito por Abraham Weintraub (Educação), Campos disse que o congelamento se mantém até agora, mas que terá reunião com o ministro em breve.
Nesse encontro, informa o reitor, será apresentada a planilha de despesas e receitas da universidade. Apenas no Ceará, o MEC congelou R$ 108 milhões de quatro instituições federais.