Logo O POVO+
Com Macri sob pressão, Argentina dá início à campanha eleitoral
Politica

Com Macri sob pressão, Argentina dá início à campanha eleitoral

| Cenário | Das seis candidaturas, cinco estão ligadas ao peronismo. Crise econômica desafia projeto de reeleição do único nome fora dessa tradicional corrente política
Edição Impressa
Tipo Notícia
Alberto Fernández, principal nome da oposição (Foto: AFP
)
Foto: AFP Alberto Fernández, principal nome da oposição

A disputa pela presidência da Argentina, marcada para 27 de outubro, já tem suas candidaturas oficializadas. Serão seis fórmulas (chapas) participando do processo, cinco delas ligadas ao peronismo e apenas uma de fora deste segmento, exatamente a do atual presidente, Maurício Macri, que deverá ter como principal opositor o ex-ministro Alberto Férnandez, especialmente por sua vice, Cristina Kirchner. Ex-ministro da Economia, Roberto Lavagna também participará da disputa.

Mauricio Macri passa por período apertado meses antes do processo eleitoral, na sua tentativa de reeleição. A chapa dele enfrentou várias derrotas nas eleições regionais, que determinam os governadores das províncias argentinas. No total, o governo soma 17 derrotas para somente uma vitória - na província de Jujuy -, desde março de 2018, quando o calendário eleitoral se iniciou. Cinco províncias, incluindo Buenos Aires, ainda irão votar ao longo dos próximos meses.

Apesar do resultado das regionais, a maior eleição provincial, de Buenos Aires, acontece em outubro no mesmo dia das presidenciais. São cerca de 12 milhões de eleitores que poderão ser determinantes para a reeleição de Macri ou a volta da chapa de Kirchner. O professor-titular do Ibmec-MG e doutor em Relações Internacionais pela Universidade de Brasília (UnB), Oswaldo Dehon, ressalta que, apesar das derrotas do governo, Buenos Aires pode ainda influenciar as eleições presidenciais devido sua relevância política e econômica para o país.

O professor diz que o resultado nas províncias montra a insatisfação dos argentinos. Em meio à recessão, o país enfrenta alta na inflação, que acumulou 11,8% no primeiro trimestre de 2019 e 54,7% em doze meses a partir de abril de 2018, segundo relatório do Instituto Nacional de Estatística e Censos da Argentina (Indec). O presidente também enfrentou cinco paralisações gerais durante seu mandato, contra a alta da inflação, desvalorização de salários e a taxa de desemprego. Tais motivos seriam o que "levou ao desânimo e deu nova chance aos peronistas".

Mauricio Macri foi eleito com a promessa de estabilizar a economia Argentina com suas propostas econômicas. Entretanto, segundo o professor Carlos Eduardo Vidigal, doutor em Relações Internacionais e professor de História, ambos na UnB, o presidente "acreditava que a adoção de políticas liberais naturalmente levariam ao crescimento econômico".

Para o professor, é difícil prever o resultado das eleições. Ele explica que há grande polarização na Argentina, entre o "kirchnerismo" e o "macrismo", o que tem sido "desgastante" para a situação econômica do país. "O problema (da polarização) é que há a impossibilidade de estabelecer grandes acordos nacionais para a estabilização da economia", ressalta. (Natália Coelho, especial para O POVO)

O que você achou desse conteúdo?