Sociólogo e cientista político pela Universidade Presbiteriana Mackenzie (SP), Rodrigo Prando destaca um dos aspectos do conteúdo reportado ontem pela revista Veja em parceria com o Intercept Brasil: a ausência do ex-presidente Lula (PT). Uma vez que o petista está fora desta rodada de diálogos, ele analisa, é possível assistir a um modus operandi que independe de paixões políticas direcionadas ou contrárias ao petista preso em Curitiba.

Prando adiciona que outro elemento favorável ao que se batizou de "Vaza Jato" é a adesão da Revista Veja, um veículo da imprensa dita tradicional — há ainda a Folha de S. Paulo —, que já se posicionou em outros tempos em favor do então juiz e da operação Lava Jato. Tanto em capas como em editoriais. "A publicação é personagem importante da história."

"Eu não sei se existe a 'bala de prata', (isso) é trabalhar com hipótese. Pra mim, o que tem (de material publicado) é suficientemente grave para macular os processos", afirma o estudioso.

Mas, se por um lado considera grave o que foi divulgado contra o ministro da Justiça e Segurança Pública, Prando destaca, por outro, que ele ainda mantém capital político relevante junto aos setores antipetistas e bolsonaristas da população. Último dia 30, por exemplo, simpatizantes da operação anticorrupção prestaram apoio ao magistrado exonerado em várias cidades do País.

"Até agora, o Moro é quase semideus. Da mesma maneira que Lula conseguiu projeção, Moro também foi transformado em herói", compara.

Para Prando, a tendência é de que a estabilidade política de Moro se mantenha, o que deve ocorrer se líderes da comunidade jurídica não afirmarem crítica mais contundente e se manifestantes não forem às ruas para pressioná-lo a partir das reportagens publicadas. (Carlos Holanda)