O 11º vazamento veiculado pelo site The Intercept Brasil mostra o coordenador da operação Lava Jato, Deltan Dallagnol, em conversa com demais procuradores da força-tarefa sobre o hoje senador Flavio Bolsonaro (PSL-RJ) e o ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro.
Os procuradores entendiam que o modus operandi do suposto esquema do então deputado estadual Flavio, orquestrado pelo assessor Fabrício Queiroz, seria similar a outros já descobertos - emprega-se um assessor inexistente, para que o destino do salário dele tome o caminho das contas do parlamentar. Flavio foi deputado estadual no Rio de Janeiro por quatro mandatos, entre 2003 e 2018.
"Moro deve aguardar a apuração e ver quem será implicado. Filho (Flavio) certamente. O problema é: o pai vai deixar? Ou pior, e se o pai estiver implicado, o que pode indicar o rolo dos empréstimos?", especulou sobre o caso, segundo divulgou o The Intercept. E acrescentou: "Seja como for, presidente não vai afastar o filho. E se isso tudo acontecer antes de aparecer vaga no supremo?"
O coordenador da operação ainda mencionou possíveis respostas sobre o caso diante de questionamentos de jornalistas, envolvendo diferentes graus de profundidade. "1) é algo que precisa ser investigado; 2) tem toda a cara de esquema de devolução de parte dos salários como o da Aline Correa que denunciamos ou, pior até, de fantasmas", escreveu, conforme o site de notícias.
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De acordo com a matéria, no privado com Roberson Pozzobon, membro da força-tarefa, Dallagnol disse que a equipe não poderia ficar quieta, mas ponderou que "vamos precisar dele pra reformas", referindo-se a Bolsonaro. "Não sei se vale bater mais forte."
Um mês e meio após planejar respostas, dia 21 de janeiro deste ano, o procurador foi convidado a dar entrevista a equipe do Fantástico, da TV Globo, sobre a prerrogativa do foro privilegiado.
"O caso central é bom, envolvendo o Paulo Pimenta (deputado federal do PT-RS), se isso for verdade rs. O risco é eles decidirem no fim focar no Flávio Bolsonaro eusarem (sic) nossas falas nesse outro contexto." Ele concluiu, então, que a equipe não tinha "nada a ganhar" com a entrevista, já que o assunto já foi discutido, "diferente de uma matéria sobre prisão em segunda instância".
Pelo Twitter, Pimenta disparou contra a operação e a emissora RBS, afiliada da Rede Globo em Porto Alegre. Falou que a emissora coagiu e intimidou pessoas a darem as entrevistas, incluindo ex-funcionários que foram próximas. "O @deltanmd é um militante político e esse diálogo confirma. Infelizmente pra ele, essa armação da RBS é falsa".
Lava Jato e Globo/RBS quiseram me atacar
As novas revelações da #VazaJato mostram que sou alvo político da #LavaJato
Diante disso, cabe esclarecer que desde 2016 denuncio os abusos de Moro, Deltan e seus asseclas, bem como denunciei a RBS e seu rabo preso na Zelotes com Nardes pic.twitter.com/z94n05ToLT
— Paulo Pimenta (@DeputadoFederal) July 21, 2019
O caso envolvendo Pimenta remonta o início de 2019. O primo dele, veterinário Antônio Mario Pimenta, afirmou que o petista operava esquema que lesou produtores rurais em São Borja em pelo menos R$ 12 milhões. Arrozeiros disseram que venderam saco para Pimenta, sem receber pagamento.