Na avaliação de Rodrigo Prando, cientista político e professor do Instituto Presbiteriano Mackenzie, o discurso "belicista" de Bolsonaro, apesar de desgastar as relações com parte dos congressistas, não se converterá necessariamente em rompimento. "Cada partido vai fazer o cálculo político e eleitoral em cima daquilo que o presidente fizer", avalia.
O docente lembra que nem mesmo o PSL, partido do presidente, apoia integralmente os projetos defendidos por Bolsonaro. A falta de consenso, segundo Prando, também se reflete entre os demais deputados. "Pode sim haver um apoio pontual em um projeto como a reforma da Previdência, que acabou ganhando corações e mentes dos congressistas, mas isso não significa um apoio automático e inexorável ao governo e sobretudo à figura do presidente Bolsonaro", analisa.
Prando lembra que Bolsonaro mantém uma ótica semelhante à que tinha enquanto deputado, algo que pode frustrar não só eleitores, mas também outros membros do Congresso. De acordo com o pesquisador, declarações que confrontam a civilidade e a liturgia do cargo de presidente podem enfraquecer Bolsonaro. "Ele continua governando na base da confrontação e elegendo inimigos" (Nut Pereira).