O estresse hídrico pode ter graves impactos para a população. A curto prazo, pode significar racionamentos e necessidade de adaptação, podendo chegar inclusive a migrações entre regiões. A economia também pode ser afetada, com a paralisação da produção industrial e agrícola, por exemplo.
Contudo, há soluções aplicáveis para tentar reverter a probabilidade de se chegar ao estágio de crise hídrica. Para evitar a escassez da água, explicam os especialistas, é necessário agir a partir das duas pontas do processo: a demanda e a oferta.
O professor Francisco Assis Souza, do Departamento de Engenharia Hidráulica e Ambiental da UFC, aponta que é necessário aumentar a "eficiência do sistema de operação e distribuição de água na Cidade", tratando especificamente de Fortaleza. Uma das principais estratégias, continua, é "começar a operar outros mananciais".
Hoje, a Capital cearense e a Região Metropolitana necessitam das águas vindas do Castanhão, no Jaguaribe, para conseguir satisfazer toda a demanda. No futuro, com a projeção feita de um consumo que chegará a 20 m³ em 2040, a Região deverá passar a depender ainda do Rio São Francisco.
A água vinda dessas duas localidades, contudo, "tem conflitos sociais envolvidos" para a transposição, além de um custo mais alto devido aos mecanismos necessários para fazer o transporte.
As alternativas, aponta Souza, passam pelo reuso da água e uma maior eficiência da utilização da água em casa e condomínios. "Temos que entender a água não como sendo um resíduo, mas como um recurso que nós precisamos", enfatiza.
Ele aponta ainda o planejamento para a gestão da seca, principalmente no Ceará — que vem de anos consecutivos de estiagem — para que seja possível "diminuir o risco e aumentar a segurança hídrica". Souza ressalta que esse planejamento se torna mais necessário por não se ter a "capacidade financeira de garantir o abastecimento todo momento".
Biólogo e economista do WRI Brasil, Rafael Barbieri completa que sem um consumo mais consciente por parte da população e dos setores econômicos, como indústria e produtores agrícolas, "a gente não consegue diminuir a crise hídrica". "Se estamos usando um recurso escasso como a água dando uma utilização menos nobre para isso, quando a gente precisar desse recurso, ele pode faltar", afirma. (Luana Barros)