Professor da Universidade Federal do Ceará (UFC) e cientista político, Cleyton Monte analisa que, do ponto de vista dos objetivos do Governo Federal, o mais eficiente é dar seguimento ao texto do modo como veio da Câmara dos Deputados e apresentar PECs de maneira paralela, assim como quer Tasso. "O cálculo é, justamente, o da agilidade, o de aprovar o mais rápido possível."
O docente pondera, contudo, que mesmo a Câmara dos Deputados tendo discutido a matéria por meses, aprofundar a discussão no Senado seria positivo. Na linha do que disseram os congressistas, ele afirma que o tema é importante e não pode ser debatido de maneira tão célere. "A ideia é de que se possa abrir a discussão."
Se o cenário se encaminhar para uma discussão de senadores sobre o texto-base, prossegue Monte, há outro ponto a ser considerado: a oposição ganha sobrevida no debate do tema. Ele exemplifica que obstruir, para um opositor, é forma de se afirmar politicamente. Se o placar na Câmara foi folgado — 379 votos a 131 no primeiro turno e 370 votos a 124 no segundo —, o Governo Federal deverá ter, proporcionalmente, igual ou maior vantagem no Senado.
Mês passado, o líder do governo na Casa, Fernando Bezerra (MDB-PE), projetou placar de 54 a 60 votos favoráveis aos planos de Bolsonaro.
Dentre os dois cenários, avalia Cleyton Monte, "a tendencia é ser aprovado o texto tal qual foi encaminhado, e ter as PECs sendo discutidas paralelamente."
Também professor universitário, Clésio Arruda lembra que as discussões no Senado são menos acaloradas. Desta forma, não acredita em morosidade na tramitação. Assim como Monte, o estudioso explica que a discussão do texto-base resultaria em texto mais eficiente.
O cientista político e coordenador de mestrado em Políticas Públicas da Universidade Estadual do Ceará (Uece), Horácio Frota, comenta que Tasso joga o jogo do mercado financeiro. Ele interpreta que os senadores indecisos poderão votar favoravelmente, alegando que as PECs melhorarão o texto. (Carlos Holanda)