Logo O POVO+
Bolsonaro levanta suspeita sobre ONGs por queimadas na Amazônia
Politica

Bolsonaro levanta suspeita sobre ONGs por queimadas na Amazônia

"Recorde de queimadas reflete irresponsabilidade de Bolsonaro", rebatem ONGs. Presidente também disse que governadores do Norte são "coniventes" com incêndios
Edição Impressa
Tipo Notícia Por
IMAGEM de satélite da Nasa já mostra nuvem de fumaça sobre Rondônia e Amazonas em decorrência das queimadas (Foto: Aqua/Nasa/Reprodução)
Foto: Aqua/Nasa/Reprodução IMAGEM de satélite da Nasa já mostra nuvem de fumaça sobre Rondônia e Amazonas em decorrência das queimadas

O presidente Jair Bolsonaro considera que Organizações Não Governamentais (ONGs) que recebiam recursos do exterior podem estar por trás do aumento nas queimadas que ocorrem na floresta amazônica. Segundo ele, a intenção seria fazer uma "campanha" contra o Governo Federal.

"Pode estar havendo, não estou afirmando, ação criminosa desses 'ongueiros' para exatamente chamar a atenção contra a minha pessoa, contra o governo do Brasil. Essa é a guerra que nós enfrentamos", afirmou o presidente a jornalistas na saída do Palácio da Alvorada.

Ele disse que entidades de apoio ao meio ambiente "perderam a boquinha" e levantou a hipótese de que as mesmas pessoas que têm registrado imagens das queimadas na Amazônia para divulgação estariam por trás do incêndio, alegando que "o fogo foi tocado em lugares estratégicos na Amazônia toda". "Pelo o que tudo indica, o pessoal foi para lá filmar e tacaram fogo. Esse é o meu sentimento."

Bolsonaro também afirmou que governadores são "coniventes" com os incêndios na Amazônia. "Não quero citar nome, que está conivente com o que está acontecendo e bota a culpa no Governo Federal. Tem estados aí, que não quero citar, na região Norte, que o governador não está movendo uma palha para ajudar a combater incêndio. Está gostando disso daí", declarou o presidente.

A coordenação do Observatório do Clima, rede que reúne cerca de 50 ONGs do País em prol de ações contra as mudanças climáticas, reagiu às insinuações feitas por Bolsonaro. A rede afirmou que o recorde de focos de incêndio observados neste ano é apenas "o sintoma mais visível da antipolítica ambiental do governo de Jair Bolsonaro".

Em nota divulgada à imprensa, a coordenação do Observatório do Clima pontuou que as ações do Governo Federal contribuíram para o aumento do desmatamento na região e que "o fogo reflete a irresponsabilidade do presidente com o bioma que é patrimônio de todos os brasileiros, com a saúde da população amazônida e com o clima do planeta, cujas alterações alimentam a destruição da floresta e são por ela alimentadas, num círculo vicioso".

O número de queimadas em todo o Brasil neste ano já é o mais alto dos últimos sete anos, conforme mostrou o jornal O Estado de S. Paulo na segunda-feira, 19. Desde 1.º de janeiro até a terça-feira, 20, foram contabilizados 74.155 focos, alta de 84% em relação ao mesmo período do ano passado, de acordo com o Programa Queimadas do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), que contabiliza esses dados desde 2013. 

Um pouco mais da metade (52,6%) desses focos vem ocorrendo na Amazônia, com o Mato Grosso na liderança. As queimadas já superam em 8% o recorde de 2016, um ano de extrema seca, que tinha registrado 68.484 focos no mesmo intervalo de tempo.

Considerando apenas o bioma Amazônia, eram 39.033 focos de calor até o dia 20 - alta de 140% em relação ao ano passado e de 70% em relação à média dos três anos anteriores. "Dois Estados criticamente atingidos, Rondônia e Acre, registram emergência de saúde devido à poluição do ar. A pluma de fumaça atingiu a cidade de São Paulo e várias outras no Centro-Sul do país", escreve a coordenação da organização.

A carta lembra nota técnica divulgada nesta terça-feira, 20, pelo Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam), que revelou que a estiagem observada neste ano na região não explica o problema, mas sim a alta no desmatamento. "Neste ano, o bioma Amazônia viu menos dias consecutivos sem chuva do que a média entre 2016 e 2018: menos de 20 contra mais de 30, respectivamente. A análise de dados do Ipam para o bioma Amazônia mostra que o fator que melhor explica o aumento nos focos de calor é o desmatamento. Os dez municípios mais desmatados em 2019 são também os dez que mais queimaram na região", pontua.

Ministro Ricardo Salles é vaiado em evento sobre mudanças climáticas

O ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, foi alvo de vaias durante participação na Semana Latino-Americana e Caribenha nesta quarta-feira, 21, em Salvador. Salles foi vaiado quando foi chamado para fazer um discurso de abertura. Os protestos incluíram faixas e gritos contra a condução do governo na área ambiental. Apenas algumas pessoas aplaudiram o ministro.

Em maio, Ricardo Salles chegou a anunciar que iria cancelar o evento. Seu argumento era que o evento não teria mais necessidade, porque o Brasil já tinha desistido de sediar a Conferência do Clima da ONU, a COP 25. O encontro ocorrerá em dezembro, mas foi transferido para o Chile. Depois da polêmica em torno do assunto, acabou voltando atrás e manteve a cerimônia.

 

Recorde

Um pouco mais da metade (52,6%) desses focos vem ocorrendo na Amazônia, com o Mato Grosso na liderança. As queimadas já superam em 8% o recorde de 2016, um ano de extrema seca, que tinha registrado 68.484 focos no mesmo intervalo de tempo. Considerando apenas o bioma Amazônia, eram 39.033 focos de calor até o dia 20 - alta de 140% em relação ao ano passado e de 70% em relação à média dos três anos anteriores.

Vaias

O ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, foi alvo de vaias durante participação na Semana Latino-Americana e Caribenha, ontem, em Salvador. Salles foi vaiado quando foi chamado para fazer um discurso de abertura. Os protestos incluíram faixas e gritos contra a condução do governo na área ambiental. Apenas algumas pessoas aplaudiram o ministro.

O que você achou desse conteúdo?