O Sesc São Paulo, na unidade Belenzinho, promove desde ontem a exposição Meta-Arquivo: 1964-1985. Espaço de Escuta e Leitura de Histórias da Ditadura. Parceria com o Memorial da Resistência, a mostra reúne nove obras inéditas, de autoria de vários artistas, que seguem expostas até o dia 24 de novembro. Amanhã, um painel terá a participação de representantes do grupo cearense Crítica Radical.
Os organizadores ressaltam o caráter pedagógico da exposição e a apresentam como "espaço expandido de aprendizado, na perspectiva de despertar a reflexão acerca da documentação pública arquivada pelo Estado Brasileiro". Os temas abordados na parte expositiva serão complementados com programas públicos, em atividades propostas para aprofundamento e reflexão acerca das pesquisas realizadas pelos artistas presentes.
A programação integrada vai de agosto a novembro e tem atividades diversas que dialogam com os assuntos abordados pela exposição.
O painel programado para amanhã discutirá a experiência do grupo Crítica Radical, com a participação de Jorge Paiva, a ex-vereadora Rosa da Fonseca e a ex-prefeita de Fortaleza, Maria Luiza Fontenele. Ícaro Lira, pesquisador que tem a experiência cearense como foco, também fará parte da mesa, a partir de 15 horas.
O Memorial da Resistência de São Paulo comemora, em 2019, dez anos de existência. Constituído a partir de parceria da sociedade civil e o Estado, o espaço tem como base conceitual e aplicada os pressupostos da museologia. O capital simbólico a que o Memorial da Resistência se dedica — da história e memórias das ditaduras no período republicano brasileiro, em especial da Ditadura Militar — nunca esteve tão em disputa, o que amplia o grau de importância de sua existência no cenário cultural brasileiro.
O grupo Crítica Radical é um coletivo que tem origem em movimento que surgiu no fim do ano de 1973, em Fortaleza. Inicialmente fundamentado no marxismo, passou a desenvolver uma nova revolução teórica e prática a partir da década de 1990, quando, inclusive, passou a se constituir com a denominação que carrega até hoje. Desde então, defende uma ruptura total com a política e as práticas de partidos e entidades que optam por "administrar a crise do sistema, arbitrando perdas".
Além do debate programado para a tarde de amanhã, a programação prevê para as 10 horas de hoje a gravação do depoimento de Jorge Paiva no Memorial da Resistência (ex-DEOPS) onde ele esteve preso.