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Em dia de batalha ideológica, AL apoia Parada LGBT e aprova homenagem a Damares
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Em dia de batalha ideológica, AL apoia Parada LGBT e aprova homenagem a Damares

Expediente legislativo foi marcado por intensos debates e, até mesmo, bate-bocas. Pleitos de parlamentares à esquerda e à direita foram contemplados
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Ministra acompanha no Crato os desdobramentos de uma operação que resgatou, em agosto deste ano, 34 mulheres que estavam em cárcere privado (Foto: Reprodução)
Foto: Reprodução Ministra acompanha no Crato os desdobramentos de uma operação que resgatou, em agosto deste ano, 34 mulheres que estavam em cárcere privado

Foi acalorada a sessão plenária na Assembleia Legislativa do Ceará (AL-CE) nesta quinta-feira, 19, tradicional dia de votações. No centro da discussão, a inserção da Parada pela Diversidade Sexual no Calendário Oficial do Ceará, de autoria de Elmano de Freitas (PT), e o título de cidadã cearense à ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos, Damares Alves, ideia da deputada Dra. Silvana (PL). Os parlamentares saíram vitoriosos nas duas votações. Antes, contudo,  houve muita discussão.

A proposição do petista foi a primeira a ser apreciada na Casa e, depois de muita faísca, aprovada num placar de 18 a 12, com a abstenção de Antônio Granja (PDT). Entre os deputados que pediram para justificar o voto, o mais enfático foi Apóstolo Luiz Henrique (PP). Na tribuna, com fotos de supostos membros da comunidade LGBT degradando símbolos religiosos, Apóstolo Luiz Henrique (PP) referiu-se ao evento como "imundície”, questionando se o Estado financiaria a passeata.

O Apóstolo Luiz Henrique ainda lançou mão da leitura de versículos bíblicos, num modo de alertar que o que estaria em vias de acontecer - a aprovação - representaria um afronte ao cristão. Antes da votação, Elmano afirmou que não esperava tamanha discussão - ocorrida no decorrer da tramitação do projeto -, a qual logo viria a fazer parte, durante votação.

“O Deus de vossa excelência também é o Deus do gay, o Deus do transsexual, e eu tenho a certeza que ele está triste ao ver o uso da Bíblia para falar isso a um ser humano”, endereçou o petista ao religioso, com o dedo em riste. Acrescentou ainda que imundície “é o que vossa excelência defende.”

O desentendimento chegou ao ápice quando Henrique afirmou que o que defende são as escrituras cristãs. Foi quando Elmano, já tendo se afrmado católico durante o debate, rebateu com “e eu defendo o que?” “Não quero seu carinho, guarde seu carinho para outro”, gritou o petista. Após a aprovação, o deputado do PP voltou a usou a tribuna e, em meio ao discurso, trouxe para perto de si casal de pastores que afirmou ser formado por ex-homossexuais. Depois foi cumprimentar, chorando, dezenas de pastores que testemunharam a sessão e que também aguardavam a votação sobre a cidadania de Damares.

“Infelizmente, hoje, o Elmano mostrou desequilíbrio, levando para o pessoal, mas eu o perdoo, eu o abençoo. Tenho certeza de que quando as emoções passam, eu creio que as pessoas pensam melhor. Podemos ter perdido no plenário, mas nós vamos ganhar no céu“, sustentou o pastor ao O POVO. “Lamento termos esse nível de discussão, porque se nós estamos tendo problemas para colocar no calendário oficial, imagina para garantir políticas públicas para essa população”, rebateu o deputado petista, comemorando a aprovação em seguida.

Durante a discussão que precedeu a votação, parlamentares como Vitor Valim (Pros) e Salmito Filho (PDT) tentaram emplacar emenda que replicasse os já existentes inciso sexto da Constituição Federal e o artigo 208 do Código Penal, de 1940. Os tópicos, juntos, falam sobre a inviolabilidade da liberdade religiosa, proteção aos locais de culto e o vilipêndio de símbolos sacros.

Deputados também aprovaram concessão do título de cidadã cearense para a ministra Damares Alves (Mulher, Família e Direitos Humanos). Dos 28 deputados presentes, 22 foram favoráveis à decisão e cinco votaram contra. Houve uma abstenção, do 1º secretário da Casa, Evandro Leitão (PDT) Era aproximadamente 15 horas quando a votação foi encerrada, o que a fez comemorar, já que o número de deputados presentes, para o horário, é considerado alto. Os votos contrários vieram de Augusta Brito (PCdoB), Elmano de Freitas (PT), Moisés Braz (PT), Renato Roseno (Psol) e Acrísio Sena (PT).

 
 
 
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Aprovada a indicação, a Assembleia precisa somente formalizar a concessão da homenagem em evento na Casa. "Conseguir trazer a minha ministra, o talento que me inspira a defender a vida, a combater o bullying, a pedir pra conversar com Jesus em cima da goiabeira, debaixo da goiabeira, debaixo da figueira, debaixo de uma tamareira... Para mim, esse título significa tanto quanto a vitória da ideologia de gênero. Para mim o país tá sendo passado a limpo", disse Silvana (PR), que propôs a homenagem.

Sobre o relacionamento com Damares, Silvana diz ser muito bom, inclusive com mensagens ao telefone. Ele disse já ter recebido da ministra pedidos de oração nas madrugadas. “Ela diz assim ‘eu nunca fui tão perseguida na minha vida, então ore por mim.’”


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