Professores, técnicos-administrativos e alunos da Universidade Federal do Ceará (UFC) realizam entre os dias 2 e 3 de outubro atividades de integração à Greve Geral da Educação. No Ceará, a programação é organizada pelo Sindicato dos Docentes das Universidades Federais do Estado do Ceará (ADUFC), Sindicato dos Trabalhadores das Universidades Federais do Estado do Ceará (Sintufce) e União Nacional dos Estudantes (UNE). A paralisação promete durar 48 horas, com atividades em todos os campi da UFC, incluindo Fortaleza e Interior.
A movimentação teve início nesta quarta-feira, 2, com café da manhã nos três Campi de Fortaleza e no Cariri. No Benfica, as atividades de mobilização começaram nos jardins da Reitoria, com apresentação de trabalhos de pesquisa e extensão, atividades culturais e leitura de livros. A Adufc recomendou aos docentes a paralisação das aulas para participação nas atividades propostas pela programação.
Os técnico-administrativos em educação (TAEs) da Universidade Federal do Ceará (UFC), Universidade Federal do Cariri (UFCA) e Unilab também paralisaram suas atividades. No Ceará, o Sindicato dos Trabalhadores das Universidades Federais no Estado do Ceará (Sintufce) apoia a manifestação e convoca servidores para aderirem às atividades.
Para a coordenadora geral do Sintufce, Keila Camelo, o momento é de união. "O diálogo está muito bom. Estamos, atualmente, com a realização de atividades em todos os Campi e um Comitê em Defesa da Educação que realiza debates sobre a crise nas universidades e a luta em defesa da universidade pública, gratuita, de qualidade e com autonomia. Nesses dois dias estamos recebendo bastantes professores, alunos e técnicos, a adesão está bastante positiva", revela.
Segundo a Adufc, o foco é mobilizar para os atos de Greve da Educação Federal, agendado para esta quinta (3). No Ceará, os atos ocorrerão em:
- Fortaleza, com concentração às 8h30 na Capital, no cruzamento das Avenidas 13 de Maio x Universidade, no bairro Benfica;
- Juazeiro do Norte, com concentração às 8 horas, em frente à Coordenadoria Regional de Desenvolvimento da Educação (Crede 19)
Em entrevista para O POVO, a vice-presidente da Adufc, Irenísia Oliveira, ressalta que o principal objetivo é a defesa da educação pública, vista como ameaçada após as propostas do programa Future-se, do Ministério da Educação, e os congelamentos de verbas. " Hoje a gente percebe que a educação pública está sob ataque. O Governo Federal e o Ministério da Educação estão empenhados para tirar as verbas que já eram subfinanciadas em muitos aspectos. Fora isso, temos os congelamentos impostos pela emenda constitucional 95 além de uma disposição privatizante para entregar setores públicos aos fundos de iniciativa privada", afirma.
O programa Future-se foi apresentado pelo Ministério da Educação em 17 de julho. Desde então, seu objetivo tem sido discutido pelas comunidades acadêmicas de quase todas as 68 federais, que vêm realizando assembleias conjuntas e debates sobre o tema.
Segundo o Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior, até o dia 30 de setembro, das 63 instituições federais, 27 Conselhos Universitários de instituições federais de ensino superior já manifestaram oficialmente a rejeição ao programa Future-se. A maior crítica das instituições é sobre possível perda da autonomia acadêmica e financeira.
Confira a adesão:
A estudante do curso de geografia da UFC e integrante da diretoria de mulheres da União Nacional dos Estudantes (UNE), Jéssica Rebouças, explica que a greve reunirá protestos e atividades educativas. "Em Fortaleza, queremos iniciar um grande ato rumo ao centro e à tarde realizar aulas públicas sobre o Future-se e financiamento da educação. A gente está com a expectativa que de fato todos os setores da educação consigam parar nesta quinta, para que possamos conversar com escolas, universidades e entidades além da UFC", afirma.
A Universidade Federal do Ceará já informou, assim como a Universidade Federal do Cariri (UFCA) e o Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará (IFCE), ser publicamente contrária à adesão ao programa federal. Entretanto, o atual reitor da UFC, Cândido Albuquerque, disse à Rádio O POVO CBN, ainda em agosto, não descartar a iniciativa.
José Cândido Lustosa Bittencourt de Albuquerque foi nomeado pelo presidente Jair Messias Bolsonaro como o novo reitor da Universidade Federal do Ceará (UFC), no dia 19 de agosto. Cândido Albuquerque foi o candidato com menor número de votos na consulta pública na universidade e o segundo colocado na lista tríplice realizada pelo Conselho Universitário (Consuni).
Em nota, a Reitoria da Universidade Federal do Ceará afirmou que o reitor Cândido Albuquerque não irá se pronunciar sobre a Greve Geral da Educação.
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