O dia de votação para o novo colegiado do Conselho Tutelar de Fortaleza, neste domingo, 6, foi marcado por zonas lotadas e críticas sobre o processo eleitoral. Em algumas das 55 instituições escolhidas para receber as 393 urnas eletrônicas, a movimentação gerou revolta e desistência de eleitores.
A equipe do O POVO visitou algumas instituições para analisar quais os principais problemas:
Na colégio Odilon Gonzaga Braveza, no bairro Boa Vista, o clima era de tumulto e lotação nos corredores. A eleitora Alexandra Pereira relata que, enquanto esteve na fila, percebeu a desistência de algumas pessoas presentes. " muitos foram embora porque não encontraram sua seção. As filas eram enormes e quando alguém e quando algumas pessoas encontravam suas salas acabavam sendo deslocadas para outra", afirma.
Com filas em quase todas as seções, eleitores também criticavam a ausência no nome na lista de votação e a mudança de sala. " Já vim em outras eleições e essa está mais lotada e desorganizada. Você chega na seção e não acha o seu nome. A gente chega lá com titulo e seção regularizados e quando entra para vota o nome não está na lista", relata a eleitora Olenir Pereira.
O morador Jean Kléber relata ter ajudado algumas pessoas na hora de votar. "Quem não tem o título com a seção atualizada não soube como votar porque as pessoas da equipe não souberam falar, eu eleitor ajudei algumas. Não deu pra encontrar a informação sobre as novas zonas com a antiga correspondente. São zonas diferentes no mesmo local, com seções e salas diferentes", afirma.
Na Escola Maria de Lurdes Ribeiro Jereissati, no bairro Pres. Tancredo Neves, grandes filas se formavam em frente às salas de votação, porém nenhuma reclamação foi registrada pela reportagem. O mesmo aconteceu na Escola Municipal Monsenhor Linhares, no bairro Amadeu Furtado.
Segundo a moradora Fátima Santos, que passou por três escolas e até o momento não tinha votado, pessoas também desistiram por conta da lotação. “São filas enormes e quando finalmente é sua vez, seu nome não consta na seção. E os fiscais estimulam a desistir do voto. Dizem que ‘se não der certo, pode voltar para casa, porque a eleição não é obrigatória”, relata.
A estudante de Arquitetura e Urbanismo, Letícia Guerra, conta que quando chegou na seção indicada, seu nome não constava no sistema. “Fiquei muito frustrada. Queria dar minha contribuição e não deu certo. Achei muitas dificuldades, tanto de acessar o sistema, quanto de receber a informação errada. Acabei nem votando e acho que não vou votar mais”.
O POVO apurou problemas nas escolas municipais: Delma Hermínia da Silva Pereira, Bárbara Alencar, Professor Francisco de Melo Jaborandi, Girão Barroso, José Dias Macêdo, entre outras.
Em nota, o Tribunal Regional Eleitoral do Ceará (TRE-CE) informou que as eleições para Conselho Tutelar são de competência dos Conselhos Municipais dos Direitos da Criança e do Adolescente, que instituem comissões eleitorais para condução dos trabalhos. "A Justiça Eleitoral contribui com o processo por meio do serviço de empréstimo de urnas eletrônicas", disse.
"Outro ponto a ser esclarecido é a reclamação de alguns eleitores por não estarem nas folhas de votação. Esse fato deve-se à data de importação dos dados dos eleitores, que aqui em Fortaleza, foi no último dia 6 de agosto. Se, por exemplo, o eleitor era residente num município e, depois dessa data, fez a transferência para Fortaleza, o seu nome está no município anterior. Uma ocorrência comum é de eleitores jovens que tiraram o título depois de 6 de agosto. Os seus nomes não constarão em nenhum caderno de votação", continua.
Sobre as substituições das urnas que apresentaram defeitos, o TRE reforçou que as trocas ocorreram dentro da normalidade e a votação foi restabelecida com a máxima brevidade. O tribunal divulgará o total de substituições em todo o Estado quando os dados forem consolidados.
Procurado pela nossa equipe, o Conselho Municipal de Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente de Fortaleza (COMDICA) informou que, por se tratar de uma eleição não convencional, era possível que o eleitor não votasse no mesmo local, por isso, instruiu os votantes verificassem antes as informações.
O órgão ressalta que foram criadas quatro novas zonas eleitorais pela Justiça Eleitoral e que algumas pessoas foram remanejados de zona e seção. Declarou também ter indicado em todas as zonas eleitorais a página do Tribunal Regional Eleitoral do Ceará - TRE (www.tre-ce.jus.br) e o número 148 para confirmação dos dados caso os eleitores não localizassem seus locais de votação, ressaltando que todos os locais também estavam munidos de informações e pessoas do colegiado do Comdica e da Prefeitura de Fortaleza capacitadas para sanar qualquer dúvida.
A Presidente do Comdica, Angélica Leal, comemora a maior adesão, por considerá-la resultado de uma maior consciência das pessoas sobre o papel do Conselho Tutelar. "A gente trabalhou com a expectativa de 10%. No último processo tivemos cerca de 7,5%. Pelo número de pessoas que procurou estamos achando que vai superar e para gente isso é positivo. Percebe-se que a população está compreendendo o papel do conselheiro tutelar e está indo lá escolher seu candidato.
Segundo o Comdica, o número máximo de eleitores por local é de 4.800, sendo acordado com o TRE a existência de 5 mil eleitores por sessão considerando que, na média histórica, apenas cerca de 10% da população participa de uma eleição como a do Conselho Tutelar. Segundo as filas, a instituição considera "que casos pontuais em determinados locais que estão tendo um grande número de adesão dos eleitores".