O dia de votação para o novo colegiado do Conselho Tutelar de Fortaleza, ontem, foi marcado por zonas lotadas e críticas sobre o processo eleitoral. Em algumas das 55 instituições escolhidas para receber as 393 urnas eletrônicas, a movimentação gerou revolta e desistência de eleitores. A polarização que o País vive, uma inédita briga entre evangélicos e católicos, além do interesse entre setores progressistas e conservadores pelas vagas em disputa determinaram um ingrediente especial ao processo eleitoral de 2019.
No colégio Odilon Gonzaga Braveza, no bairro Boa Vista, o clima era de tumulto e lotação nos corredores. A eleitora Alexandra Pereira relata que, enquanto esteve na fila, percebeu a desistência de algumas pessoas presentes. "Muitos foram embora porque não encontraram sua seção", afirmou.
Com filas em quase todas as seções, outros eleitores criticavam a ausência de seus nome na lista de votação e a mudança de sala. "Já vim em outras eleições e essa está mais lotada e desorganizada. Você chega na seção e não acha o seu nome. A gente chegava lá com titulo e seção regularizados e quando entrava para vota o nome não estava na lista", relata a eleitora Olenir Pereira.
Na Escola Maria de Lurdes Ribeiro Jereissati, no bairro Tancredo Neves, grandes filas se formavam em frente às salas de votação, porém, ali, sem reclamação. O mesmo aconteceu na Escola Municipal Monsenhor Linhares, no bairro Amadeu Furtado.
Estudante de Arquitetura e Urbanismo, Letícia Guerra contou que ao chegar na seção indicada, seu nome não constava no sistema. "Fiquei muito frustrada. Achei muitas dificuldades, tanto de acessar o sistema, quanto de receber a informação errada. Acabei nem votando e acho que não vou votar mais".
Em nota, o Tribunal Regional Eleitoral do Ceará (TRE-CE) informou que as eleições para Conselho Tutelar são de competência dos Conselhos Municipais dos Direitos da Criança e do Adolescente, que instituem comissões eleitorais para condução dos trabalhos. "A Justiça Eleitoral contribui com o processo por meio do serviço de empréstimo de urnas eletrônicas", disse.
"Outro ponto a ser esclarecido é a reclamação de alguns eleitores por não estarem nas folhas de votação. Esse fato deve-se à data de importação dos dados dos eleitores, que aqui em Fortaleza, foi no último dia 6 de agosto. Se, por exemplo, o eleitor era residente num município e, depois dessa data, fez a transferência para Fortaleza, o seu nome está no município anterior", continua. O tribunal divulgará o total de substituições em todo o Estado quando os dados forem consolidados.
Já o Conselho Municipal de Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente de Fortaleza (Comdica) informou que, por se tratar de uma eleição não convencional, era possível que o eleitor não votasse no mesmo local, por isso, instruiu os votantes que verificassem antes as informações.
O órgão ressalta que foram criadas quatro novas zonas eleitorais pela Justiça Eleitoral e algumas pessoas foram remanejadas.
A Presidente do Comdica, Angélica Leal, comemora a maior adesão, por considerá-la resultado de uma maior consciência das pessoas sobre o papel do Conselho Tutelar. "A gente trabalhou com a expectativa de 10%. No último processo tivemos cerca de 7,5%. Pelo número de pessoas que procurou estamos achando que vai superar e para gente isso é positivo. Percebe-se que a população está compreendendo o papel do conselheiro tutelar e está indo lá escolher seu candidato.
Segundo o Comdica, o número máximo de eleitores por local é de 4.800, sendo acordado com o TRE a existência de 5 mil eleitores por sessão considerando que, na média histórica, apenas cerca de 10% da população participa de uma eleição como a do Conselho Tutelar.