Os deputados estaduais Delegado Cavalcante (PSL) e André Fernandes (PSL) vão à Procuradoria Geral da República (PGR) em Brasília, na próxima semana, representar contra o deputado federal Heitor Freire (PSL). O motivo da ação é o vazamento de áudio no qual o presidente Jair Bolsonaro (PSL) conversa com o deputado - que responde com "uhum" - sobre a liderança da agremiação na Câmara dos Deputados. Embora ainda não haja data marcada, a maior chance é de a viagem ocorrer já na segunda-feira, 21.
Em nota emitida nessa quinta-feira, 17, Freire confirmou ter ocorrido a conversa, mas negou ter sido autor do vazamento. Depois disso, temporariamente, ele excluiu o Twitter e desabilitou comentários do Instagram. A reportagem fez novo contato sobre a movimentação dos correligionários-adversários.
Ao O POVO, Cavalcante, que não viajará, já que se recupera de cirurgia, disse esperar apuração da Polícia Federal (PF) sobre a divulgação da conversa, que teria "maculado" a imagem do presidente. Ele assegura ter sido Freire o autor do vazamento. "Tenho informação fidedigna de que foi ele, informação de gente ligada ao presidente", garantiu o bolsonarista, sem citar quem o repassou a informação. Procurada, a equipe de Fernandes confirmou a ida a Brasília.
O que se discutia no áudio vazado era a liderança do PSL na Câmara dos Deputados. Freire, por sinal, pendeu para o bivarismo (grupo de pesselistas ligado ao presidente nacional da legenda, Luciano Bivar). O cearense assinou lista em apoio a Delegado Waldyr (PSL-GO). Na contramão dos interesses do presidente. Bolsonaro queria retirar Waldyr do posto e colocar o filho, Eduardo Bolsonaro (PSL-SP).
Esse é outro capítulo de crise que parece se aprofundar cada vez mais. O pavio foi acendido por Bolsonaro, no último dia 8, quando o militar orientou militante a esquecer o PSL. Acrescentou que Bivar "está queimado." Bivar, por sua vez, reagiu afastando ele do partido. A troca na liderança foi um dos movimentos após o embate partidário. Em outro grampo, Waldyr diz que fez tudo por Bolsonaro, a quem chamou de "desgraçado" e prometeu implodir.
"Encostaram (em Bolsonaro) pessoas que estavam mal-intencionadas para se eleger e chegar ao poder", critica Cavalcante. "Na campanha e pré-campanha, o Heitor blindou o Bolsonaro da nossa aproximação."
O POVO Online entrou em contato com a assessoria de André Fernandes e aguarda resposta. O deputado gravou vídeo queimando notificação que recebeu do PSL.