Mesmo após o lançamento oficial do partido Aliança Pelo Brasil, do presidente Jair Bolsonaro, ontem, em Brasília, continuam incertas as estratégias de busca por assinaturas para criação da legenda. Para conseguir existir oficialmente, a sigla aguarda até a próxima terça-feira, 26, o possível aval do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) autorizando-o a realizar coleta digital dos eleitores.
No Ceará, grupos de apoio à Bolsonaro se articulam informalmente na internet. Segundo o deputado estadual Delegado Cavalcante (PSL), por enquanto, a ideia é estimular a desfiliação dos partidos atuais, regra exigida pelo TSE para quem deseja mudar de sigla. "As pessoas já estão se desfiliando. Nós já temos mais de 170 municípios mobilizados e grupos de WhatsApp trocando informações. Assim que a criação da legenda for autorizada, esses grupos mudam imediatamente", revela.
Cavalcante elogiou a primeira convenção do Aliança, ontem, no Royal Tulip, hotel de luxo em Brasília, próximo ao Palácio da Alvorada. Também estava presente o deputado estadual André Fernandes, recentemente suspenso por 30 dias do PSL em meio a divisões internas no partido.
A Aliança pelo Brasil foi oficialmente lançada tendo o próprio Jair Bolsonaro como presidente do Aliança, e Flávio, senador e seu filho, como vice. Apoiadores ouviram a leitura dos princípios do partido, feito pela advogada Karina Kufa. "O povo deu norte da nova representação política. Em 2019, novo passo precisa ser dado. Criar partido que dê voz ao povo brasileiro", afirmou.
Karina também reafirmou que o partido é conservador, comprometido com a liberdade e ordem, soberanista e de oposição às "falsas promessas do globalismo". "O Aliança pelo Brasil repudia o socialismo e o comunismo", disse em meio a aplausos.
Para participar já das eleições municipais de 2020, Bolsonaro aposta na coleta de assinaturas digitais. Ele afirmou que, se não for possível a prática, a tendência é que a legenda fique mesmo fora da disputa no ano que vem.
O anúncio de criação do novo partido também intensifica a crise instalada com o PSL no Ceará, que já apresenta 30 pedidos de cancelamento de filiação, segundo o presidente do diretório estadual, deputado federal Heitor Freire. Após declarar apoio a Bolsonaro mesmo permanecendo no PSL, Heitor afirma que "criar um partido no Brasil não é tarefa fácil".
"Se o Presidente decidiu criar um novo partido, cabe a ele trilhar o caminho para realizar esse fim, mas sabemos que não é simples. Quanto à base do Governo, continuaremos apoiando todas as ações do presidente alinhadas ao conservadorismo e ao movimento de direita" declara.
Para as eleições de 2020 no Ceará, Heitor afirma que os planos são de fortalecer o partido, atualmente em crise. "Estamos estruturando tudo para chegar com força nas eleições de 2020 e lutar contra a oligarquia dos Ferreira Gomes. Nós estamos trabalhando com uma projeção de pelo menos 10 candidatos a prefeituras no Estado", revela.