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MP vê lavagem de R$ 2,5 mi por meio de loja e imóveis de Flávio Bolsonaro
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MP vê lavagem de R$ 2,5 mi por meio de loja e imóveis de Flávio Bolsonaro

Promotoria aponta que transações de loja de chocolates serviu para lavar dinheiro de "rachadinhas"
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 (Foto: Wilson Dias/ Agência Brasil)
Foto: Wilson Dias/ Agência Brasil

O Ministério Público do Rio de Janeiro vê indícios de que o senador Flávio Bolsonaro (sem partido-RJ) teria lavado dinheiro — cerca de R$ 2,5 milhões — por meio da loja de chocolates da qual é sócio e da compra e venda de dois apartamentos, em Copacabana, na zona sul da capital fluminense.

Segundo os investigadores, um total de R$ 1,7 milhão em espécie foi depositado nas contas do comércio entre 2015 e 2018, "de forma variada" e "sem guardar proporção com o faturamento da loja proveniente de outros meios de pagamento". Já em relação às operações de compra e revenda dos apartamentos, o MP vê "simulação de ganhos artificialmente produzidos" de R$ 800 mil.

A Promotoria aponta que as transações podem ter sido feitas para lavar parte dos recursos de "rachadinhas" — prática em que o servidor repassa parte ou a totalidade de seu salário para o político que o contratou — no gabinete de Flávio, quando ele era deputado estadual no Rio (2003 a 2018). Os indícios apontados pelo MP do Rio têm como base a quebra de sigilo bancário e fiscal de 86 pessoas físicas e jurídicas.

A Bolsotini Chocolates e Cafés Ltda foi adquirida por Flávio e seu sócio, Alexandre Santini, em 2014. Ao analisar as contas da firma, o MP apontou a suspeita de que Santini teria atuado como "laranja" de Flávio no comércio.

O juiz Flávio Itabaiana de Oliveira Nicolau, da 27ª Vara Criminal do Rio, autorizou ontem a quebra de sigilo de Santini. No relatório encaminhado à Justiça, o MP apontou "quantias incomparáveis com o volume de vendas" sendo depositadas na conta da loja e repassadas ao hoje senador "travestidas de distribuição de lucros fictícios".

Uma auditoria coletou dados sobre valores máximos de receitas da franquia entre março de 2015, quando a loja entrou em operação, até dezembro do ano passado. No período, a diferença entre o faturamento auditado e o crédito repassado em forma de lucro para o então deputado e seu sócio revelados pela quebra de sigilo fiscal e bancário chegou a R$ 1,6 milhão.

A suposta origem ilícita dos recursos, segundo o MP, decorre da "coincidência dos depósitos em dinheiro no mesmo período em que Fabrício Queiroz arrecadava parte dos salários do assessores da Alerj". O ex-assessor teria "disponibilidade de papel moeda em quantia suficiente para efetuar os depósitos ilícitos na conta da Bolsotini", continua a promotoria.

Em vídeo divulgado ontem, o senador declarou não ter visto nenhuma irregularidade na aquisição e operação do estabelecimento. Segundo Flávio, toda a documentação e comprovantes foram informados na Declaração de Imposto de Renda e na Junta Comercial. "Não tem nenhum problema dela pagar uma parte dessa loja que a gente comprou, da mesma forma o meu sócio Alexandre, ele tem os comprovantes." Sobre os apartamentos, chamados por ele de quitinetes "cacarecadas", o senador negou irregularidade. "Só porque consegui comprar um apartamento num preço bom, estou lavando dinheiro?" A defesa de Santini não foi localizada. 

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