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Relator da CPI em Caucaia se licencia e oposição acusa manobra
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Relator da CPI em Caucaia se licencia e oposição acusa manobra

Prefeito do município, Naumi Amorim é acusado de interferir no processo de investigação para atrasar trabalhos da Comissão
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Naumi Amorim é ex-prefeito de Caucaia (Foto: JÚLIO CAESAR)
Foto: JÚLIO CAESAR Naumi Amorim é ex-prefeito de Caucaia

O vereador Jorge Luís (Pros), relator da Comissão Parlamentar de Inquérito aberta para apurar supostas irregularidades na administração do prefeito de Caucaia, Naumi Amorim (PSD), causou desconforto entre seus pares da oposição ao se licenciar do mandato por 120 dias, sem explicar os motivos do afastamento. Jorge Luís era da base de apoio ao prefeito até romper com ele e se tornar um dos críticos da gestão. O pedido de licença do relator e sua retirada abrupta está sendo vista pela oposição como uma manobra realizada pelo prefeito para atrasar as investigações.

"É evidente que houve intervenção do Poder Executivo para, mais uma vez, tentar barrar a CPI, pois o relator agiu de forma no mínimo estranha e surpreendeu a todos ao pedir licença sem comunicar sequer a presidente da CPI. Infelizmente, o prefeito tem feito de tudo para atrapalhar as investigações, tendo recorrido inclusive três vezes à Justiça. Vamos pedir a prorrogação da CPI por mais 60 dias e tentar concluir mesmo sem o Jorge Luís. Se decidirem encerrar a CPI, vamos pegar todas as provas e entrar na Justiça", afirma o vereador Mickauê Franklin (PR).

"Já tem algum tempo em que a situação em Caucaia está cheia de intrigas: o vice-presidente (da Câmara) que foi eleito pediu afastamento para um vereador da base assumir. E agora o relator enganou a todos da oposição, já que passávamos todas as informações que conseguíamos para ele. Já estávamos com o relatório quase todo pronto e acontece isso", lamenta Evandro Maracujá (PR).

O prefeito Naumi Amorim (PSD), por sua vez, diz desconhecer os motivos para a licença do relator. "Não teve nenhuma manobra política minha. O que há é gente querendo se promover politicamente em cima disso. Não tenho nada contra a CPI, até quero que seja tudo apurado completamente, para que o processo no Tribunal de Contas do Estado (TCE) seja encerrado. Aliás, quando a minha CPI for encerrada, deverá ser aberta outra, no caso, a que vai investigar a presidente (da CPI, Emília Pessoa) em várias irregularidades de compras de material de expediente", argumenta.

A CPI em Caucaia investiga possíveis anormalidades nas dispensas de licitações para contratação de profissionais e realização de compras, feitas com base no Decreto Emergencial editado em 2017, primeiro ano da gestão de Naumi. Segundo a assessoria jurídica do gabinete do prefeito, todos os esclarecimentos relativos a informações inconsistentes já foram feitos pelos secretários municipais e servidores.

*A reportagem tentou entrar em contato com a vereadora Emília Pessoa, mas não obteve retorno até o fechamento da matéria. Posteriormente, a parlamentar procurou a reportagem e afirmou que quando o prefeito Naumi Amorim fala em abrir uma nova CPI para compra de material de expediente, ele se refere à ex-presidente da Câmara Natécia Campos. "Eu como vereadora ou presidente da CPI não realizo compra de absolutamente nada!"

Emília complementa afirmando que existem quatro CPIs protocoladas na Câmara de Caucaia, sendo três com denúncias contra o prefeito e uma contra Natécia Campos.

A reportagem tentou contato com Jorge Luís, mas não obteve retorno até o fechamento da matéria.

Matéria corrigida em 14/01/2020 às 21h55min

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