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Pré-candidato a prefeito, Freire se coloca à direita de Wagner e reforça aceno a MDB
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Pré-candidato a prefeito, Freire se coloca à direita de Wagner e reforça aceno a MDB

O pesselista entende que o policial militar da reserva já atingiu o "teto" eleitoral e que a eleição de Fortaleza pode surpreender
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FORTALEZA, CE, Brasil - 27.01.2020: Heitor Freire, deputado federal, presidente estadual do PSL no Ceará, pré-candidato ao cargo de prefeito de Fortaleza concede entrevista ao Jornal O POVO (Fotos: Thais Mesquita/O POVO) (Foto: Thais Mesquita)
Foto: Thais Mesquita FORTALEZA, CE, Brasil - 27.01.2020: Heitor Freire, deputado federal, presidente estadual do PSL no Ceará, pré-candidato ao cargo de prefeito de Fortaleza concede entrevista ao Jornal O POVO (Fotos: Thais Mesquita/O POVO)

Na continuação da série de entrevistas com pré-candidatos à Prefeitura de Fortaleza, o deputado federal Heitor Freire (PSL) realizou à reportagem do O POVO Online nesta segunda-feira, 27, projeção sobre o processo eleitoral deste ano. O entendimento do pesselista é de que Capitão Wagner (Pros), também pré-candidato ao cargo, já atingiu o seu limite de rendimento junto ao eleitorado.

Aferição do Instituto Paraná Pesquisa, feita ainda em dezembro, colocou o policial militar da reserva na dianteira da disputa que se aproxima, com 42,4% da preferência do eleitor. No mesmo levantamento, Freire somou 1,1% e 1,5% em dois cenários trabalhados. Um deles foi com o presidente da Assembleia, José Sarto, representando o pedetismo na corrida. Outro, com Samuel Dias, titular da Secretaria de Governo de Roberto Cláudio.   

Na rádio O POVO/CBN, o parlamentar já havia dito, anulando eventuais interpretações de que a fala seria provocativa, que Wagner está convidado para disputar a Vice-Prefeitura de Fortaleza na sua chapa. Questionado, Freire respondeu que a pré-postulação ao Paço Municipal - e a futura postulação - é, sim, "pra valer." Ao O POVO Online, ele disse que é normal que Wagner apareça bem nos levantamentos de institutos de pesquisa, já que está com o nome posto desde o ano passado, "mas eu acho que ele chegou num teto." 

"Eu sou uma opção. Obviamente, defendo bandeiras conservadoras e de direita muito mais claras do que o Capitão Wagner. Eu gosto dele, eu geralmente digo que é um amigo, uma pessoa que ganhou o meu respeito", ressaltou Freire, que minimizou o resultado mostrado pela pesquisa. "Você olhar pesquisas quantitativas nesse momento não valem nada, me desculpe a sinceridade, porque tudo muda. Na política, muda do dia pra noite."

Listen to "Entrevista com o Deputado Heitor Freire sobre eleição para Prefeito" on Spreaker.

Nas palavras de Freire as conversas com Wagner não prosperaram, embora o pré-candidato do Pros ainda não tenha descartado a possibilidade. Assim, o radar do pesselista aponta para o MDB de Gaudêncio Lucena e Eunício Oliveira e também para o DEM de Chiquinho Feitosa, que deve aderir alguma pré-candidatura de oposição, com menor propensão de apoio à pré-postulação de Wagner.

Isso porque há orientação nacional de que o demismo deixe governos de esquerda e centro-esquerda em todo o País. Hoje, o partido ocupa a Vice-Prefeitura com Moroni Torgan. Mas, como a sigla é aliada histórica da família Ferreira Gomes, uma solução diante do conselho nacional seria a de apoiar pré-candidaturas que hoje demonstram menos força do que a do policial da reserva, a exemplo da de Carlos Matos (PSDB) e a do próprio Freire. O deputado, inclusive, mencionou que almoçará com Feitosa ainda nesta semana.

Contradição?

Ao longo da conversa com O POVO Online, Freire foi questionado sobre se o desejo de ter o MDB na sua chapa representa ou não uma contradição em relação à própria trajetória. "Eu agradeço essa pergunta, Carlos, porque primeiro, para a nossa ala de direita, conservadora, muitos questionam isso. E eles esquecem que Bolsonaro selecionou, escolheu como líder do Senado um senador do MDB, que é senador Fernando Bezerra (PE)." Adicionou ainda que o líder do governo no Congresso é outro emedebista, o senador Eduardo Gomes (MDB-TO.)

Em 2018, Freire se elegeu com discurso de renovar a política, entoando bandeira anticorrupção e conservadora em vários aspectos. O MDB, por sua vez, esteve nos governos do PT a nível nacional e, hoje, tem lideranças presas, como Eduardo Cunha e Geddel Vieira Lima. Ano passado, o ex-presidente Michel Temer foi preso e liberto no âmbito da operação Lava Jato. Além disso, o ex-senador Eunício Oliveira, presidente do partido no Ceará, é ex-ministro das Comunicações (2004-2005) de Lula. Os dois tem relação de amizade até hoje. Na militância que exerce, Freire nuca poupou críticas ao petista.

"O que a gente avalia não é o partido, porque partido, o nome já diz, não é inteiro, tem divergências, mas nós temos mais convergências do que divergências. Gaudêncio Lucena foi vice-prefeito do Roberto
Cláudio, ele rompeu com os Ferreira Gomes, foi ser (candidato a) vice-prefeito de Capitão Wagner. Se você olhar a trajetória do Gaudêncio, ele é homem íntegro, de reputação ilibada, é um empresário bem-
sucedido", defendeu.

Sobre eventual presença de Eunício em palanque, ele devolveu: "o inimigo do meu inimigo é meu amigo." E emendou: "Vou continuar defendendo minhas bandeiras, de direita, conservadora. Mas, se há alguém para subir para somar e vencer essa oligarquia, vamos somar."

"Relação institucional" com Bolsonaro

O político afirmou que, hoje, a relação com o presidente da República tem caráter institucional. Freire, que já foi tido como braço direito de Bolsonaro no Ceará, diz que seguirá prestando apoio ao Governo, o que não significa, segundo diz, que é "um bajulador". Quando indagado sobre críticas que faz ao Planalto, respondeu que falta políticas públicas claras em relação ao Nordeste.  

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