Após mais de seis horas de negociações, ontem, o Governo do Estado e os profissionais da segurança pública celebraram acordo sobre o reajuste salarial de policiais militares e bombeiros. No fim da noite, porém, Soldado Noelio (Pros), deputado estadual e um dos representantes dos agentes de segurança nas reuniões, disse que a categoria não aceitou a proposta validada pelas partes horas antes, em reunião na Assembleia Legislativa (AL-CE).
"A categoria não aceitou a proposta. Não aceitou", falou o parlamentar, que convocou reunião da corporação para a próxima terça-feira, 18, às 9 horas, na AL-CE. O objetivo do encontro é avaliar os próximos passos do processo de discussão em torno de uma nova proposta salarial.
Ao fim do encontro dessa quinta-feira, o segundo em menos de uma semana, Noelio e outros parlamentares chegaram a comemorar o acordo, considerado um avanço para as tropas. Posteriormente, no entanto, o deputado afirmou que "o governo foi alertado" de que a proposta acatada não contemplaria todos os pontos reivindicados pelas polícias.
"Infelizmente, o cenário é esse. Não temos poder de imposição sobre o governo. Se a tropa está insatisfeita, se demonstra em presença, os próprios deputados têm a responsabilidade agora de procurar o Governo para mediar uma solução", afirmou Noelio.
Procurado, o titular da Casa Civil, Élcio Batista, reiterou que o acordo foi feito e endossado não apenas por parlamentares, mas por membros das associações que representaram os militares em todas as tratativas com o Abolição desde a semana passada, quando os policiais organizaram um ato.
"Nós fizemos um acordo e ele foi validado pelo deputado federal Capitão Wagner, o deputado estadual (Soldado) Noelio, o vereador (Sargento) Reginauro e as associações", enfatizou o secretário. "Esse acordo significa impacto de aproximadamente de 500 milhões, representando valorização da categoria e atendimento dos três pontos apresentados ao governador: reduzir o número de parcelas, colocar a maior parcela em 2020 e incorporar as gratificações."
O secretário esclarece que, desde o início da negociação em torno do reajuste, o Governo esteve sempre aberto a reavaliações da proposta apresentada. O governador Camilo recebeu pessoalmente comitiva de deputados e dirigentes no seu gabinete a fim de encontrar uma solução que atendesse à categoria.
Antes do recuo dos policiais, acordo feito na reunião de ontem previa uma pagamento de R$ 346 milhões em reajuste na remuneração de policiais militares e bombeiros. Outros R$ 149 milhões, oriundos de gratificações que já são pagas atualmente, seriam incorporados aos salários, de modo a evitar variações nos vencimentos dos agentes. Juntos, reajuste e incorporação das gratificações totalizariam R$ 495 milhões.
Presente nas negociações, Capitão Wagner considerou, logo após o fim da reunião de ontem, que o acordo foi um avanço para a categoria. "O valor global inicial era de R$ 338 milhões, a gente conseguiu avançar pra quase meio bilhão de reais. Existia uma defasagem muito grande. Para o soldado o reajuste vai aumentar para R$ 1.050, foi um avanço para uma proposta inicial que era apenas de R$ 700. Em alguns outros cargos onde o reajuste não chegava a R$ 100 houve um avanço também" afirmou.
Ele adicionou que "o governo foi flexível, deixou o pagamento para março, para que esse ganho real possa acontecer o quanto antes, com 40% do que foi disponibilizado já é para próximo mês.
O POVO procurou Capitão Wagner após a mudança de postura dos policiais, mas não obteve retorno até o fechamento desta página.
Colaborou Henrique Araújo