Ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) repudiaram o ato que pediu intervenção militar, fechamento do Congresso e deposição de governadores, do qual o presidente Jair Bolsonaro participou ontem. Políticos classificaram a atitude do presidente como "incentivo à desobediência" e "escalada antidemocrática".
O ministro Marco Aurélio Mello chamou os manifestantes de "saudosistas inoportunos". "Os ares são democráticos e assim continuarão. Visão totalitária merece a excomunhão maior", afirmou o ministro. "Conheço os militares. Observam a disciplina, a hierarquia e não apoiam maluquices. Não sei onde o capitão está com a cabeça", completou, em referência à participação de Bolsonaro no ato.
O ministro Luís Roberto Barroso disse que é "assustador" ver manifestações pela volta do regime militar, após 30 anos de democracia. Gilmar Mendes declarou que invocar o AI-5 é "rasgar o compromisso com a Constituição".
Alvo recente de ataques de Bolsonaro, o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), afirmou que a população precisa lutar contra "o coronavírus e o vírus do autoritarismo". "É mais trabalhoso, mas venceremos. Em nome da Câmara dos Deputados, repudio todo e qualquer ato que defenda a ditadura, atentando contra a Constituição", escreveu o parlamentar.
Uma carta assinada por 20 governadores manifestou apoio a Maia e ao presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), após ataques de Bolsonaro aos dois líderes do Congresso. Para os governadores que assinam o documento, Camilo Santana é um deles, Bolsonaro está "afrontando os princípios democráticos que fundamentam nossa Nação".(Agência Estado)