Além da pauta anti-Bolsonaro e pró-trabalhadores, o ato virtual do 1º de Maio, realizado ontem por centrais sindicais, teve uma forte campanha a favor do isolamento social para combater a pandemia do novo coronavírus. O ato exibiu mensagens gravadas pelos ex-presidentes Fernando Henrique Cardoso, Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff, governadores como Flávio Dino (PCdoB), do Maranhão, e Eduardo Leite (PSDB), do Rio Grande do Sul, além de candidatos à Presidência em 2018, como Fernando Haddad (PT) e Ciro Gomes (PDT).A transmissão reuniu as nove maiores centrais do País, que em geral faziam celebrações separadas. O evento durou pouco mais de seis horas.
 O ponto alto, no entanto, foi a participação do músico Roger Waters, fundador da icônica banda britânica Pink Floyd. Ele gravou uma mensagem dirigida aos trabalhadores brasileiros e tocou uma música. "Eu sei que isso é uma grande celebração do movimento dos trabalhadores no Brasil, e meu coração está com vocês."
"A decisão de fazer uma só celebração com diversidade de organizações sindicais é muito importante", afirmou FHC. "Não é hora de desunirmos, é a hora de juntarmos para construir o futuro." O ex-presidente não teceu críticas ao atual governo, diferentemente dos outros políticos que participaram do evento.
Lula postou a sua participação no Facebook duas horas antes do início da transmissão, feita no canal da Rede TVT no YouTube. "As grandes tragédias também são reveladoras do verdadeiro caráter das pessoas. Não me refiro apenas ao deboche do presidente da República com memória de mais de 5 mil brasileiros mortos pela Covid", afirmou. "A tragédia do coronavírus expôs à luz do sol uma verdade inquestionável: o que sustenta o capitalismo não é o capital, somos nós os trabalhadores", declarou.
"É importante lembrar que o Brasil contava com mais de 13 milhões de desempregados ainda antes do coronavírus. E mais de 38 milhões de pessoas eram obrigadas a viver a dura realidade da informalidade, sem nenhuma proteção", disse Ciro.
As críticas mais fortes a Bolsonaro foram feitas por Dilma, que disse que o governo é omisso diante do avanço do novo coronavírus, e por Manuela D'Avila, candidata à vice-presidência na chapa de Haddad em 2018. Manuela disse que Bolsonaro precisa sair do cargo de presidente. "Sabemos que o Brasil precisa se livrar de Jair Bolsonaro para voltar a se desenvolver", disse. Randolfe Rodrigues (Rede-AP), senador e líder da minoria no Senado, afirmou que Bolsonaro é o "maior aliado" do vírus.
Era esperada a participação dos presidentes do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), e da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ). Segundo os organizadores do ato, no entanto, eles tinham confirmado mas não enviaram vídeos com as suas mensagens.(AE)