Embora o senador e principal líder tucano no Ceará, Tasso Jeireissati (PSDB), tenha intensificado críticas ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido) pela condução da crise do novo coronavírus, já tendo declarado "nunca ter visto governo tão atrapalhado", aliados locais dele veem com naturalidade a nomeação do ex-deputado federal Raimundo Gomes de Matos (PSDB-CE) para a direção de planejamento da Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste (Sudene), um cargo federal.
O nome de Matos apareceu nessa segunda-feira, 4, no Diário Oficial da União (DOU). Ele deve tomar posse ainda nesta semana. O órgão está sob o guarda-chuva do Ministério do Desenvolvimento Regional, comandado por Rogério Marinho, também tucano e nordestino do Rio Grando do Norte. Os dois, inclusive, foram colegas de Câmara dos Deputados por pelo menos dez anos.
Carlos Matos, pré-candidato a prefeito de Fortaleza pelo PSDB, ressalta que a nomeação do ex-deputado federal não tem "coloração partidária" nem resulta de afinidade ideológica, é técnica. Ele também destaca que Marinho e Matos são amigos.
Segundo o vereador Plácido Filho (PSDB), não é da característica de Tasso opinar sobre a ida ou não de correligionários para governos. Como exemplo disso, citou a participação dos secretários Cabeto (Saúde) e Maia Júnior (Desenvolvimento Econômico), dois tucanos, na gestão de Camilo Santana (PT) no Ceará.
Mesmo exemplo foi usado pela deputada estadual Fernanda Pessoa, opositora do petista na Assembleia Legislativa do Ceará. Indagada, ela disse que, com o cenário de pandemia, o assunto não foi debatido internamente no partido. "Estamos passando momento difícil e não tivemos reuniões desde o início da quarentena." Procurado pelo celular, o pai de Fernanda, Roberto Pessoa, disse por intermédio de outra pessoa que não poderia atender O POVO ontem. "Fiquei muito feliz com a nomeação do Raimundo. Ele tem total competência para assumir o cargo e é muito bom ter um cearense na Sudene", ele pontuou por meio da assessoria.
Gomes de Matos é médico e se elegeu deputado federal em 1997, ainda no governo Fernando Henrique Cardoso (1994-2002). Acumulou cinco mandatos na Câmara dos Deputados até não conseguir se eleger em 2018. Ele foi ainda prefeito de Maranguape entre 1989 e 1993
O nome dele é cotado para a disputa ao mesmo posto nas eleições deste ano. Para isso, terá de sair da Sudene. O POVO tentou falar com ele por ligação telefônica e WhatsApp, mas não obteve retorno.
(Carlos Holanda)