No debate sobre adiamento das eleições, grande parte dos atores envolvidos apoia que elas ocorram ainda em 2020, evitando assim, extensão de atuais mandatos e preservando o que está na Constituição. Há quem defenda, inclusive, possibilidade de manutenção do pleito nas datas originalmente previstas. Nesse caso com o primeiro turno em 4 de outubro e o segundo turno, onde for necessário, três semanas depois.
Para o promotor de Justiça Emmanuel Girão, que coordena o Centro de Apoio Operacional Eleitoral do Ministério Público do Ceará (MPCE), é possível realizar a eleição em outubro com alguns cuidados como: estabelecer medidas de uso obrigatório de máscara, extensão do horário de votação, criação de faixa de horário específica para idosos, dentre outras.
Do ponto de vista do MPCE, o principal prejuízo do adiamento, segundo o promotor, estaria ligado à eficácia da fiscalização. "Adiar pode significar encurtamento de prazos, que já são pequenos. Isso pode gerar prejuízo para quem fiscaliza. E uma vez expirados os prazos não se discute mais o assunto. O grande problema é esse", pontua.
Já para Cleyton Monte, professor vinculado ao Laboratório de Estudos sobre Política, Eleições e Mídia (Lepem-UFC), é impossível realizar eleição em outubro, dado o atual cenário. "É importante dizer que a pandemia afeta de qualquer forma a eleição, porque as medidas de distanciamento não devem acabar este ano, mas marcar para novembro ou dezembro, porque deve estar mais estabilizada e isso torna-se é menos prejudicial para eleitores e políticos, tanto do ponto de vista da saúde quanto do debate", afirma.
Segundo Monte, "o eleitor terá mais tempo para conhecer seu candidato, que terá mais tempo para se apresentar, o que garante uma equidade maior na disputa". Ele também considera que o adiamento traz um grande desafio operacional.
"Será necessário mais gente para executar as tarefas de adequação. Isso exigirá mais recursos e uma logística muito grande da Justiça Eleitoral, desde a parte de treinamento de mesários, testes de urnas, até o cumprimento de prazos", conclui. (Vítor Magalhães)