Um dia após demitir o ministro da Educação, Abraham Weintraub, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) enviou emissários a São Paulo para "cobrar a fatura" do ministro Alexandre de Moraes, do STF. A dispensa de Weintraub, que chamou membros da Corte de "vagabundos", foi um gesto político do presidente em busca de uma trégua com os magistrados.
Na tentativa de uma aproximação, os ministros Jorge Oliveira (Secretaria-Geral da Presidência), André Mendonça (Justiça e Segurança Pública) e José Levi Mello do Amaral Júnior (Advocacia-Geral da União) se reuniram com Moraes, na tarde de ontem, em São Paulo. O encontro faz parte da estratégia do Palácio do Planalto para construir um canal de diálogo do presidente com o STF.
Moraes é o relator de dois inquéritos que investigam aliados de Bolsonaro e estão fechando o cerco sobre o Planalto. Um deles é o das fake news, que apura ameaças, ofensas e calúnias contra integrantes da Corte. O magistrado viu indícios de que o grupo atua de maneira velada, financiando a disseminação de fake news e conteúdo de ódio contra integrantes do Supremo e outras instituições.
O presidente também tem receio de que o caso envolvendo Fabrício Queiroz, ex-assessor de seu filho, o senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ), chegue ao Supremo em um momento de conflito com a Corte.
A outra investigação nas mãos de Moraes tem como foco a organização de atos antidemocráticos, que, nos últimos meses, pregaram o fechamento do Congresso e do Supremo. (Agência Estado)