Decotelli deixou de afirmar na segunda-feira, 29, no currículo que fez pós-doutorado na Universidade de Wuppertal (Alemanha). A instituição informou à reportagem que ele teve estadia de pesquisa de três meses, mas não tem um título. O ministro dizia ser pós-doutor pela universidade.
Ser pós-doutor não é considerado título, mas exige conclusão de doutorado. Um programa do tipo, voltado para pesquisa, costuma durar ao menos seis meses. A universidade não informou se a pesquisa de dele era vinculada a um programa de pós-doutorado.
Decotelli disse ontem ter finalizado a pesquisa. "Na hora em que foi concluído o trabalho, tinha de ser registrado num cartório acadêmico. E no cartório tem lá a pesquisa completa registrada." Sobre a acusação no mestrado, admitiu uma "distração". "Você lê muito, tem de obrigatoriamente ter disciplina mental para escrever, revisar e o que citar tem de mencionar."
Mas disse que plágio só ocorre quando há "CtrlC CtrlV". "Não foi isso." Quanto ao doutorado na Argentina, desmentido pela universidade, reiterou ter concluído os créditos, mas não teve condição de voltar ao país para apresentar a tese após adequação sugerida pela banca.
O Ministério Público junto ao Tribunal de Contas da União (TCU) enviou representação à Corte pedindo investigação sobre 'possíveis prejuízos' aos cofres públicos na nomeação de Decotelli e o período em que teria cursado, mas não concluído, doutorado na Argentina.
De acordo com o subprocurador-geral Lucas Furtado, as investigações visam apurar "possíveis prejuízos ao erário decorrentes da nomeação do novo ministro da Educação, Sr. Carlos Alberto Decotelli, considerando as notícias de que, embora constasse em seu currículo o título de 'doutor', na verdade ele não concluiu essa titulação acadêmica, bem como as suspeitas que pairam sobre suposto plágio ocorrido na dissertação de mestrado".
Nesse caso, a apuração deve mirar a 'eventual invalidade do ato de nomeação' de Decotelli, no que resultaria a necessidade de ressarcimento dos cofres públicos de benefícios e subsídios pagos ao novo ministro da Educação, como auxílio-mudança. (Agência Estado)