Segundo pré-candidato à Prefeitura de Fortaleza a passar pela Rádio O POVO CBN, Carlos Matos (PSDB) falou ontem em investir na "mobilidade humana" da Cidade, numa referência óbvia ao conceito de mobilidade urbana, área na qual a gestão de Roberto Cláudio (PDT) intensificou obras que, na avaliação do tucano, fizeram perder de vista outros problemas, como a desigualdade social. O estilo de frase tende a ser um dos motes da possível campanha de Matos.
"Se cuida bem e muito bem da mobilidade urbana, mas não é cuidada a mobilidade humana. A miséria e a pobreza convivem ao lado da riqueza. De cada quatro fortalezenses, um é miserável ou pobre", arrematou Matos. "Isso parece que não tem nada a ver conosco, com a Cidade, mas fica uma Cidade doente", disse aos jornalistas do O POVO Ítalo Coriolano, João Marcelo Sena e Rachel Gomes.
O ex-deputado estadual defendeu que em um plano de governo e no cotidiano de um mandato há que se levar em consideração a criação de oportunidades para as camadas mais desfavorecidas, sobretudo no cenário de recuperação econômica pós-pandemia. "Não vou gastar mais com a Beira Mar. Entre a Beira Mar e a favela, ele (Roberto Cláudio) priorizou a Beira Mar", analisou o prefeiturável.
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A crítica é cotada para ser uma das favoritas da oposição no decorrer da campanha. Na Câmara Municipal de Fortaleza (CMFor), por exemplo, o PT alega que os oito anos de pedetismo são de privilégio aos territórios financeiramente mais favorecidos da Cidade. A argumentação ganha eco nos comentários da ex-prefeita Luizianne Lins (PT) e de Renato Roseno (Psol), outros dois pré-candidatos. Capitão Wagner (Pros) e Heitor Férrer (SD) também já teceram avaliações neste sentido.
Sobre a falta de unidade dentro do tucanato cearense quanto à candidatura própria, o pré-candidato do PSDB afirmou que as vozes divergentes dentro do partido são naturais e parte do processo democrático. Ele minimizou o pleito de Roberto Pessoa e Danilo Forte em favor de aliança com Capitão Wagner.
O policial militar da reserva é tido como principal opositor do grupo político da família Ferreira Gomes, já que é apontado na dianteira de algumas pesquisas de intenção de voto. O presidente do PSDB no Ceará, Luiz Pontes, afirma que conversa tanto com Wagner como com o grupo pedetista.
No caso específico de Pessoa, Matos atribuiu à importância de Wagner nas articulações políticas do correligionário em Maracanaú, onde é pré-candidato e lidera grupo político há 16 anos no poder. "Eu estou na vida política e, se eu não tiver coragem de colocar o meu nome à disposição para defender propostas novas para Fortaleza, eu fiquei velho", defendeu Matos.
Questionado sobre as implicações do PSDB na operação Lava Jato, ele afirmou que a face cearense da legenda, liderada pelo senador Tasso Jereissati, se difere do que se assiste no plano nacional, com os casos de Aécio Neves, por exemplo. "Acho que o partido deveria ter sido mais duro com todas as pessoas que tiveram desvios", criticou.
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Para reforçar o argumento, Matos sublinhou que o partido tem independência nas instâncias Municipal, Estadual e também Federal, sem cargos nos três níveis de Executivo. A informação é imprecisa. O titular da Secretaria de Saúde do Ceará, Dr. Cabeto, e o secretário de Desenvolvimento Econômico, Maia Júnior, têm história no PSDB.
Cabeto, inclusive, é parte do diretório estadual do qual Matos também faz parte. Maia Júnior consta como desfiliado, mas na verdade se considera licenciado, enquanto desempenha funções no governo petista.
Série
A série de entrevistas com pré-candidatos à Prefeitura de Fortaleza segue hoje na Rádio O POVO CBN (FM 95,5). O convidado será o deputado federal Célio Studart (PV). A entrevista está marcada para as 9h05min e também pode ser acompanhada nas redes sociais do O POVO Online