Fosse Ciro ou Cid Gomes os autores das críticas contra Capitão Wagner, o entendimento médio seria o de que mais uma vez o policial da reserva estava sendo alvo da ira dos irmãos do PDT, algo distante de uma novidade. Ainda mais com o agravante de o senador ter sido ferido por arma de fogo no ápice do estresse da paralisação de policiais militares.
Se o movimento fosse puxado por Roberto Cláudio, o gestor estaria entrando muito na campanha para um detentor do Poder em disputa.
A mensagem "só colaria" com Camilo Santana porque o governador, hoje, é o mais popular dos líderes do grupo governista.
A avaliação é de Cleyton Monte, pesquisador do Laboratório de Estudos sobre Política, Eleições e Mídia (Lepem), da Universidade Federal do Ceará (UFC).
O professor universitário acrescenta que o texto gera repercussão (foi um dos assuntos mais comentados do Twitter no Brasil) por destoar do perfil de Camilo.
"As pessoas que vão ler vão pensar que o cara está tão indignado com as falas do Wagner que ele acabou saindo 'do normal'", comenta Monte.
Para ele, à medida em que não responde no mesmo tom, o movimento de Wagner também é perpassado por uma lógica política. Ele lidera as pesquisas e ainda não sabe se a colocação do governador vai influenciar a compreensão média popular.
"Se essa mensagem do Camilo colar socialmente", cogita o pesquisador, "ele (Wagner) vai se ver obrigado a responder a essas questões do Camilo."
Segundo Monte, outra dimensão do recado envolve Luizianne Lins, como se Camilo quisesse reforçar à petista que o adversário prioritário é outro, não Sarto, a despeito de os dois disputarem perfil similar de eleitores.
"A senha que ele (Camilo) deu é demonstrando que campanha do Wagner é forte, tem consolidação e que se a Luizianne ficar batendo no Sarto, ficar entrando na Justiça, e se Sarto ficar naquela mesmice de não trazer nada novo, numa campanha monótona de um político tradicional, o cara vai partir pra cima", analisa. (Carlos Holanda)