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Barroso afasta por 90 dias senador após dinheiro na cueca
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Barroso afasta por 90 dias senador após dinheiro na cueca

Senado precisa validar decisão. Chico Rodrigues, vice-líder do governo Bolsonaro até a manhã de ontem, foi alvo de operação que localizou R$ 33 mil escondidos nas partes íntimas do parlamentar
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CHICO Rodrigues (DEM-RR) é acusado desviar recursos contra a Covid-19 (Foto:  Jefferson Rudy/Agência Senado)
Foto: Jefferson Rudy/Agência Senado CHICO Rodrigues (DEM-RR) é acusado desviar recursos contra a Covid-19

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Luís Roberto Barroso determinou ontem o afastamento, por 90 dias, do senador Chico Rodrigues (DEM-RR), flagrado pela Polícia Federal com dinheiro dentro da cueca. A operação de busca e apreensão da PF ocorreu anteontem na casa de Rodrigues, em Boa Vista (RR), durante investigação de esquema que desviou recursos destinados ao combate à Covid-19. Diante do escândalo, o presidente Jair Bolsonaro afastou Rodrigues do cargo de vice-líder do governo no Senado.

A determinação de Barroso ainda precisa passar pelo Senado, que decidirá se o parlamentar deve ou não ser afastado. Na operação em Boa Vista, a PF percebeu que Rodrigues escondeu R$ 33.150 na cueca, sendo grande volume em suas nádegas, além de outros R$ 10 mil e US$ 6 mil em um cofre. Pela cotação do dólar de ontem, os valores somam R$ 76.825. Caso o senador seja afastado definitivamente, quem assume é seu filho, Pedro Rodrigues, hoje primeiro-suplente.

Ao ser abordado pelos policiais, anteontem, o então vice-líder do governo no Senado negou ter guardado recursos, mas os agentes perceberam que havia "maços de dinheiro" ocultados em suas partes íntimas.

"A gravidade concreta dos delitos investigados indica a necessidade de garantia da ordem pública: o senador estaria se valendo de sua função parlamentar para desviar dinheiro destinado ao enfrentamento da maior pandemia dos últimos 100 anos, num momento de severa escassez de recursos públicos e em que o país já conta com mais de 150 mil mortos em decorrência da doença", afirmou Barroso em sua decisão.

O esquema de desvio de recursos para o enfrentamento da pandemia foi identificado pela PF e pela Controladoria-Geral da União (CGU). Somente na aquisição dos kits de testes rápidos teria havido sobrepreço de R$ 956,8 mil.

A PF chegou a pedir a prisão preventiva de Rodrigues. Na decisão, porém, Barroso entendeu que deveria ser autorizado apenas o afastamento, como forma de impedir que o senador usasse o cargo "para dificultar as investigações ou para, ainda mais grave, persistir no cometimento de delitos".

O ministro também determinou o fim do sigilo da investigação. "Há indícios de participação do senador, integrante da comissão parlamentar responsável pela execução orçamentária e financeira das medidas relacionadas à Covid-19, em organização criminosa voltada ao desvio de valores destinados à saúde do Estado de Roraima", escreveu Barroso sobre um dos principais aliados do governo Bolsonaro.

O escândalo abalou o Palácio do Planalto e o presidente agiu rápido, na tentativa de se descolar do senador. Nas redes sociais, as hasthags #PropinaNaBunda e #DinheiroNaBunda eram as mais comentadas. Amigo de Rodrigues há mais de duas décadas, Bolsonaro disse em transmissão ao vivo pela Internet que o caso nada tinha a ver com seu governo.

"O que dói é você trabalhar igual um desgraçado e uns idiotas te acusarem de corrupção", afirmou Bolsonaro. "Esse senador do caso de Roraima é uma pessoa que gozava do prestígio, do carinho de quase todos. Eu nunca vi ninguém falar nada contra ele. Aconteceu esse caso, lamento. Hoje (ontem) ele foi afastado da vice-liderança".

O DEM, presidido pelo prefeito de Salvador, ACM Neto, também planeja afastar Rodrigues. O senador poderá, ainda, ser alvo de uma Comissão de Ética do Senado.

Em nota, Rodrigues disse ser inocente. "Vou cuidar da minha defesa e provar minha inocência", escreveu o senador. "Acreditando na verdade, estou confiante na justiça, e digo que, logo tudo será esclarecido e provarei que nada tenho haver (sic) com qualquer ato ilícito de qualquer natureza", afirmou. (Agência Estado)

 

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