Derrotado nas urnas de Fortaleza, o Partido dos Trabalhadores (PT) terá de deliberar com algum nível de urgência sobre como se comportará no segundo turno, etapa que Luizianne Lins ficou de fora e para a qual avançaram José Sarto (PDT) e Capitão Wagner (Pros).
A premissa de que o "inimigo a ser batido" não é o postulante pedetista, mas o candidato apoiado pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido), deve prevalecer sobre as divergências entre as duas agremiações.
Prevalecer, principalmente, sobre a relação esgarçada que resulta de uma campanha repleta de ataques pedetistas lançados contra Luizianne, considerados por ela desleais e até misóginos.
É essa a síntese geral do entendimento expressado reservadamente ao O POVO por alguns petistas que, nesse domingo, 15, assistiram à contagem dos votos na sede do partido.
O diretório nacional se reúne nesta segunda-feira, 16, para espécie de apanhado do que foi o primeiro turno pelo País, com a presença do ex-presidente Lula.
Fonte que participará desse encontro afirmou que um dos tópicos que serão expostos é o da disparidade dos recursos enviados pela instância nacional à campanha da ex-prefeita na comparação com São Paulo, por exemplo.
Mais competitiva do que Jilmar Tatto, ela recebeu 47,45% dos valores que foram direcionados ao candidato a prefeito daquele município, que estacionou na modesta sexta colocação.
Também dali se começa a decidir qual será a postura nacional da legenda, que logicamente ecoará nos municípios. É possível que a executiva de Fortaleza também converse ainda nesta segunda-feira.
A ex-prefeita não foi ao PT para a apuração. A assessoria afirmou que ela optou por acompanhar o desenrolar do pleito de casa, indo ao encontro da militância somente se conquistada a vaga no segundo turno.
Luizianne não comentou a derrota de nenhuma forma, tampouco projetou os dias que se seguirão. Ainda é uma incógnita o modo como ela irá se movimentar. E se vai se movimentar.
As pesquisas O POVO/Datafolha mostraram que o eleitor de Luizianne migra massivamente para Sarto em cenário de segundo turno, movimento compreendido dentro de uma lógica de voto útil, ou seja, uma escolha motivada pela rejeição a Wagner.
Interlocutor da campanha da petista comentou que, simbolicamente, eventual manifestação de apoio de Luizianne a Sarto seria modo de demonstrar a Ciro Gomes (PDT) como se comportar durante um segundo turno.
Dois anos antes, o então candidato pedetista ao Palácio do Planalto priorizou um passeio pela Europa após o primeiro turno, dando de ombros para o embate eleitoral travado entre Fernando Haddad (PT) e Bolsonaro.
Para que eventual apoio da petista pudesse de algum modo ter chances de ocorrer, ponderou essa fonte, seria necessário um gesto político e público do PDT, no sentido de reconhecer sua relevância na Cidade.
Vice na chapa, Vladyson Viana foi ao encontro da militância. Ali, recebeu abraços de correligionários, escutou e ofereceu palavras de ânimo aos presentes.
Questionado por O POVO em breve coletiva sobre como será a atuação do partido, Viana respondeu que o "PT não tira férias da luta".
"Nós nascemos combatendo o autoritarismo. Não só em Fortaleza: no Brasil e no mundo. Nós nascemos disso. (...) Mas isso (a postura) nós vamos discutir dentro da instância partidária, qual vai ser a nossa tática, nossa agenda no segundo turno da campanha."