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Ex-deputado cearense é preso pela PF
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Ex-deputado cearense é preso pela PF

| Operação KM Livre | Nome do ex-parlamentar não foi divulgado. Quase R$ 2 milhões foram apreendidos em empresa no Bairro de Fátima. Contrato envolvem locação de veículos nos últimos 20 anos
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Polícia Federal prendeu o ex-deputado federal José Adail Carneiro Silva por lavagem de dinheiro em empreitada da Operação Km Livre. Ação conjunta com a Controladoria Geral da União (Foto: FÁBIO LIMA/O POVO)
Foto: FÁBIO LIMA/O POVO Polícia Federal prendeu o ex-deputado federal José Adail Carneiro Silva por lavagem de dinheiro em empreitada da Operação Km Livre. Ação conjunta com a Controladoria Geral da União

Um ex-deputado cearense foi preso na manhã de ontem, alvo de operação da Polícia Federal. O nome do parlamentar em questão não foi informado pelo órgão. Foi apreendido o equivalente a R$ 1.988.635 em dinheiro e outros bens em uma locadora de veículos localizada no Bairro de Fátima.

O órgão suspeita de lavagem de dinheiro, ocultado na sede de uma das empresas investigadas no Bairro de Fátima. A PF informou apenas que o homem preso foi deputado federal e deputado estadual.

quatro anos, na mesma locadora, a PF apreendeu R$ 5,9 milhões, na primeira fase da mesma operação, a KM Livre. O alvo da operação em 2016 foi a Locadora de Autos Ceará (Lauce), de propriedade da família do então deputado federal Adail Carneiro (PP).

Na ocasião, o então parlamentar informou que não era mais sócio da empresa havia aproximadamente seis anos e que ela pertenceria a seu irmão. O POVO tentou contato ontem com Adail Carneiro, mas não obteve resposta.

Adail foi deputado federal de 2015 a 2018. Antes disso, exerceu mandato de deputado estadual como suplente até 2014, quando foi efetivado no mandato após Patrícia Saboya renunciar para assumir vaga de conselheira do Tribunal de Contas do Estado (TCE).

Além de Fortaleza, foram cumpridos ontem 27 mandados de busca e apreensão em Mossoró (RN), Rio de Janeiro (RJ), Caucaia e Russas. Nesta última cidade, Adail foi candidato a vice-prefeito nas eleições municipais de 2008. A operação foi realizada de forma conjunta entre a PF e a Controladoria Geral da União (CGU).

Os cerca R$ 2 milhões apreendidos eram em dinheiro em espécie, ouro, moeda estrangeira e celulares. Além disso, foram colhidos documentos no local que vão auxiliar as investigações.

Entre os contratos investigados, há serviços prestados para a Prefeitura de Fortaleza nos últimos 20 anos. Segundo a PF, o parlamentar preso ontem que não teve nome revelado lidera grupo de suspeitos que teria criado cerca de dez empresas para participar das licitações da Prefeitura.

A Justiça Federal expediu os mandados após investigação em Inquérito Policial que apura fraudes na contratação de serviços de locação de veículos e motocicletas. De acordo com a PF, entre os crimes estão desvio de recursos públicos, fraudes em licitações e lavagem de dinheiro.

Coordenador da 2ª Fase da operação KM Livre, o delegado Joécio Duarte de Holanda explica que a organização aferia contratos na área de locação de veículos e, por conta deles, havia repasse de verba pública depositadas nas contas das empresas.

"Identificamos que com esses repasses havia um sistema de saques sistemáticos em espécie das contas dessas empresas contratadas pela Prefeitura. Era um sistema para distanciar os valores da origem desses recursos", detalha.

FORTALEZA, CE, BRASIL, 19.11.2020:Joécio Duarte, delegado federal coordenador da operação. Coletiva da PF sobre Operação KM Livre 2ª fase.  (Fotos: Fabio Lima/O POVO)
Foto: FÁBIO LIMA/O POVO
FORTALEZA, CE, BRASIL, 19.11.2020:Joécio Duarte, delegado federal coordenador da operação. Coletiva da PF sobre Operação KM Livre 2ª fase. (Fotos: Fabio Lima/O POVO)

O grupo teria usado várias empresas com nomes de laranjas para participar de um mesmo certame licitatório, forjando concorrência fictícia. Uma dessas empresas controladas pela organização vencia o processo licitatório e a partir daí eram celebrados contratos para prestação de serviço de locação de veículos para Prefeitura, secretarias e entidades da administração indireta.

De acordo com o delegado Regional de Combate ao Crime Organizado da PF, Alan Robson Alexandrino, "o principal objetivo da operação de hoje (ontem) é ligar essas pessoas privadas que movimentam de forma ilícita esses recursos aos funcionários públicos".

A PF identificou pelo menos 10 empresas lideradas pelo grupo, entre locação, corretoras de valores e até empresa ligada a produção de energia eólica. De acordo com o diretor de Operações Especiais da CGU, Israel José Reais de Carvalho, a estimativa é que o montante envolvido seja acima de R$ 600 milhões.

FORTALEZA, CE, BRASIL, 19.11.2020: Ismael Reis, diretor de operação da CGU.Coletiva da PF sobre Operação KM Livre 2ª fase.  (Fotos: Fabio Lima/O POVO)
Foto: FÁBIO LIMA/O POVO
FORTALEZA, CE, BRASIL, 19.11.2020: Ismael Reis, diretor de operação da CGU.Coletiva da PF sobre Operação KM Livre 2ª fase. (Fotos: Fabio Lima/O POVO)

 

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