Derrotado nas urnas de Fortaleza, o Partido dos Trabalhadores (PT) já se comporta no segundo turno como apoiador oficial do candidato do PDT à Prefeitura de Fortaleza, José Sarto. Segundo pesquisa O PÓVO/Datafolha, divulgada a partir do último sábado, 21, essa também é a tendência quando se diz respeito à transferência de votos da ex-prefeita Luizianne Lins para o postulante pedetista.
Segundo o levantamento que entrevistou 865 pessoas na capital entre os dias 18 e 19 de novembro, 54% do eleitorado afirmou que Luizianne deveria apoiar Sarto no segundo turno. Outros 31% apoiam a ideia da petista investir na campanha de Capitão Wagner (Pros). 8% não escolheria ninguém e 7% não soube responder. Anteriormente, As pesquisas já mostraram que o eleitor de Luizianne migra massivamente para Sarto no segundo turno, uma escolha pensada, inclusive, pela rejeição a Wagner.
Com o argumento de “destruição do bolsonarismo em Fortaleza”, o cenário também se desenha com declaração do PT em apoio a Sarto, decisão que deixa um caminho favorável para o governador Camilo Santana (PT) cumprir agendas e programas a favor do candidato. Para o presidente estadual do PT, Antônio Filho, o Conin, o momento “é decisivo, onde não cabe omissão”. “Não cabe indefinição. Estamos no enfrentamento de um candidato que representa o presidente do Bolsonaro, aliado do bolsonarismo. Esse cenário direciona e facilita, contribuindo para que o eleitor que votou um Luizianne opte pela candidatura do Sarto”, diz.
Para o deputado federal José Guimarães (PT), a tendência que já se verificava no primeiro turno e está dentro de um aspecto da disputa nacional de “derrotar o candidato do Bolsonaro em Fortaleza”. “Nossa decisão não foi por oportunismo eleitoral. O eleitor do PT da Luizianne é progressista e de esquerda. Essa é a razão pela qual a maioria esmagadora está indo para o Sarto. O esse eleitor do PT está fazendo uma opção tática, não tem nada de extraordinário”, avalia o parlamentar.
O presidente municipal do partido, vereador Guilherme Sampaio, ponderou que, além da tendência natural dos votos, a decisão do diretório municipal moveu-se no sentido de “deixar claro aos apoiadores” que, no momento, “não cabe nenhum vacilo”. “Talvez eu tenha sido de forma constante o que mais tenha sido oposição ao Roberto Cláudio, entendo que agora existe algo muito mais significativo em jogo que é não colocar Fortaleza dentro da estratégia bolsonarista para 2022”, afirma.
O petista compara o movimento da capital com o que acontece em outros municípios brasileiros. “Me parece que essa tendência revelada na pesquisa é que uma grande frente de partidos progressistas está se reunindo no segundo turno, como em São Paulo, Rio Grande do Sul, onde estamos, momentaneamente, deixando as divergências que existem, que são menos a ameaça bolsonarista”, diz.
Guilherme avalia ainda que, em Fortaleza, Wagner “está lidando com as consequências de uma escolha na sua história política”. Ao lembrar da antiga proximidade do parlamentar com o PT, ele alega que “naquele momento não estava delineado perfil ideológico” que o candidato "viria a representar". “É uma forma oportunista para disputar espaços que abraçou. Agora ele busca um espaço político que, neste momento, está sendo derrotado no Brasil”, conclui.
O deputado Delegado Cavalcante (PSL), apoiador de Wagner nas eleições municipais, acusa o governador Camilo Santana (PT) de se distanciar da ex-candidata do PT à Prefeitura, Luizianne Lins, ainda no primeiro turno, e praticar infidelidade partidária. “Não houve respeito pela colega de partido, é uma questão de injustiça. Eles querem tirar o voto da Luzianne do Wagner. Em 2014, o Wagner apoiou o Elmano, era uma boa hora do povo da Luizianne nos apoiar”, afirma. Ele nega alinhamento de Wagner com Bolsonaro e diz que estratégia “é da esquerda” para prejudicar a campanha.