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Críticas de Ciro dificultam conversas sobre frente da esquerdas em 2021
Politica

Críticas de Ciro dificultam conversas sobre frente da esquerdas em 2021

Partido rebate declarações de Ciro, que também critica Guilherme Boulos e Flávio Dino, mas destaca importância de formação de uma frente que supere os choques eleitorais
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 Trégua prometida por Ciro em relação a Lula durou pouco mais de uma semana (Foto: RICARDO STUCKERT/ INSTITUTO LULA/ARQUIVO)
Foto: RICARDO STUCKERT/ INSTITUTO LULA/ARQUIVO  Trégua prometida por Ciro em relação a Lula durou pouco mais de uma semana

Presidente estadual do PT no Ceará, Antônio Filho, o Conin, avalia que as declarações recentes do ex-presidenciável Ciro Gomes (PDT) criam dificuldades para a formação de uma frente de partidos de esquerda para 2022.

Em entrevista na última segunda-feira, 30, Ciro afirmou que o "brasileiro mandou o lulopetismo radical e o bolsonarismo boçal embora" nas eleições do último domingo, 29.

O pedetista também disse que "Flávio Dino (governador do Maranhão pelo PCdoB) resolveu não apoiar ninguém" no segundo turno, mas "foi votar com camiseta 'Lula livre'". E declarou: "Eles perderam um pouco a noção da realidade. Ganhou essa eleição quem soube interpretar a realidade do país com humildade".

Ciro acrescentou ainda que "Boulos (candidato do Psol em São Paulo) chegar aonde chegou significa que agora você pode expressar uma predileção com a esquerda radical sem ter que explicar os fracassos do PT" e que "eles vão perder" porque "não têm humildade nem capacidade de compreender e se reconciliar com o povo".

Para Conin, Ciro "não contribui e não ajuda" ao atacar potenciais aliados para as eleições de 2022. "Esses ataques não contribuem. E não tem esse ambiente de hostilidade, acho que destoa, essa postura destoa do ambiente", repete.

O petista cita o caso de Fortaleza, onde todas as legendas de esquerda e centro-esquerda convergiram para o apoio ao candidato José Sarto (PDT), um aliado de Ciro, contra Capitão Wagner (Pros), que tinha a preferência declarada de Jair Bolsonaro (sem partido).

"Veja o caso da capital cearense, o PT apoiou o PDT apesar do que o Ciro fez em 2018, quando foi para Paris. Não tivemos a mesma postura", rebateu Conin, para quem as siglas ideologicamente alinhadas precisam fazer esforço de diálogo no campo progressista.

"Olhe a resposta do Dino, que preferiu não polemizar porque esse projeto tem que estar além das personalidades. "Nosso eleitorado quer isso, se vamos conseguir ou não, é outra questão", continua o dirigente. "As divergências programáticas não são muitas, é mais a questão do protagonismo, e isso é o momento histórico que vai definir."

Ex-candidato à Prefeitura e deputado estadual pelo Psol, Renato Roseno concorda com que as agremiações à esquerda têm de considerar esse bloco e que isso "importa em dedicar tempo e esforços nesse diálogo desde agora e não somente em 2022".

Uma condição inicial, aponta o psolista, é "saber do que se pode ceder e do que não se pode ceder" e, a partir daí, "começar a pensar um programa mínimo" que passe "necessariamente por pautas de defesa da democracia, profunda alteração da agenda econômica, recuperação da rede de proteção social, políticas ambientais robustas e nova agenda de relações internacionais".

Sobre a possibilidade de que esse representante se apresente fora de PT e Psol, Roseno respondeu que "é cedo para falar em nome, mas é evidente que precisamos de um que encarne e apaixone as maiorias".

Deputado federal e presidente estadual do PSB, Dênis Bezerra diz que os "resultados das eleições de 2020" firmaram "uniões dos partidos do mesmo campo político" e que essas alianças obtiveram sucesso nas urnas.

Essa configuração, sugere o parlamentar, é uma alternativa para 2022. "Os campos políticos de centro-esquerda e centro-direita têm que realmente fazer uma reflexão e pensarem de forma coletiva um projeto para o Brasil", propõe.

 

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