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Bolsonaro contradiz equipe econômica e declara que 'Brasil está quebrado'
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Bolsonaro contradiz equipe econômica e declara que 'Brasil está quebrado'

| Retorno | No primeiro dia de trabalhos em Brasília no ano, presidente da República volta a culpar a imprensa por efeitos da pandemia. "Não consigo fazer nada"
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Bolsonaro tirou a máscara para falar com apoiadores (Foto: reprodução TV Globo)
Foto: reprodução TV Globo Bolsonaro tirou a máscara para falar com apoiadores

Em seu primeiro dia de trabalho em 2021, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) contradisse o mantra do ministro Paulo Guedes, ao afirmar que o Brasil está "quebrado".

Para um grupo de simpatizantes, ele declarou nesta terça-feira, 5, que, por causa da situação da economia, não "consegue fazer nada" e citou como exemplo as mudanças prometidas ainda durante a campanha eleitoral na tabela do Imposto de Renda.

"O Brasil está quebrado, chefe. Eu não consigo fazer nada. Eu queria mexer na tabela do Imposto de Renda, tá, teve esse vírus, potencializado pela mídia que nós temos, essa mídia sem caráter", afirmou Bolsonaro a um apoiador na saída do Palácio da Alvorada, residência oficial da Presidência.

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A fala do presidente vai de encontro às declarações recentes do ministro da Economia, de que a atividade econômica do País está numa trajetória de recuperação em "V", ou seja, com a retomada na mesma velocidade da queda causada pelos efeitos da pandemia do novo coronavírus.

Oficialmente, a equipe econômica espera que o Produto Interno Bruto (PIB) cresça 3,2% este ano, depois de um tombo previsto de 4,5% em 2020.

Tanto Guedes quanto o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, defendem a vacinação em massa da população como essencial para que a economia, de fato, se recupere em 2021.

No último ano, o governo precisou se endividar mais para bancar o aumento das despesas para combater a Covid-19. A combinação da maior necessidade de financiamento com a aversão ao risco dos investidores, turbinada pela desconfiança em relação à continuidade do processo de ajuste fiscal no Brasil, levou o Tesouro a concentrar boa parte das emissões em títulos de prazo mais curto.

Retorno

Bolsonaro retomou ontem expediente normal no Palácio do Planalto após 17 dias sem compromissos oficiais e dias de recesso divididos entre o litoral de Santa Catarina, em São Francisco do Sul, e no litoral de São Paulo, no Guarujá.

A agenda pública desta terça-feira incluui reuniões com os ministros Fábio Faria, das Comunicações, Fernando Azevedo, da Defesa, Braga Netto, da Casa Civil, e Pedro Cesar Nunes, ministro interino da Secretaria-Geral, além do presidente da Caixa Econômica, Pedro Guimarães.

À tarde, a estratégia de imunização contra a Covid-19 no País foi tema de reunião entre Bolsonaro e o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello. 

O chefe do Executivo esteve na sede da pasta em visita técnica para atualizações sobre o Plano Nacional de Operacionalização da Vacinação contra a Covid-19. Ele também foi informado sobre as negociações de compra de imunizantes e as expectativas de aquisição de seringas e agulhas.

De acordo com a pasta, na reunião Bolsonaro também foi atualizado sobre "informações de casos confirmados da Covid-19 no Brasil em comparação com outros países, assim como óbitos causados por essa doença categorizados por regiões do território nacional, idade, presença de comorbidades e curvas epidemiológicas ao longo do período de 2020".

Um dos ministros que estava na visita era o titular das Relações Exteriores, Ernesto Araújo. Mais cedo, o Itamaraty afirmou que não há proibição do governo da Índia para a importação de doses da vacina da AstraZeneca. Segundo a pasta, a negociação para importação está em "estágio avançado". 

PONTOS DE VISTA

'País não pode abrir mão de R$ 1 de receita'

Mansueto Almeida, ex-secretário do Tesouro

"O Brasil não está quebrado. O presidente quis dizer talvez que, apesar da carga tributária elevada aqui, mesmo cumprindo com o teto dos gastos, ainda teremos este ano e nos próximos déficit primário e crescimento da dívida pública.

Assim, não há espaço para o governo abrir mão de arrecadação porque ainda teremos de reduzir o mais rápido possível o desequilíbrio fiscal ao longo dos próximos anos para consolidar o cenário de inflação na meta, juros baixos e recuperação da economia.

A situação é a seguinte: hoje, o Brasil não pode abrir mão de R$ 1 de receita e ainda tem de se esforçar para recuperar neste e nos próximos anos a receita que perdeu com a crise da covid-19 na queda do PIB e na arrecadação."

'Vamos viver em compasso de espera'

Sergio Vale, economista-chefe da MB Associados

"Iniciando a metade final de seu mandato, o presidente indica que não conseguirá fazer mais nada de relevante. Ao sugerir mãos atadas por um país quebrado, esquece que poderia fazer uma reforma administrativa que envolvesse o funcionalismo da ativa e ir além na PEC emergencial, discutindo gastos tributários como a Zona Franca de Manaus. Ou que pudesse entrar em acordo sobre as reformas tributárias no Congresso, mais profundas do que a apresentada pelo Ministério da Economia.

Mas não. O presidente posterga e acumula os problemas para 2023, início de um novo governo. Serão dois anos que, pelo jeito, veremos o Executivo bater cabeça como ficou o governo Temer depois da delação da JBS. Vamos, novamente, viver em compasso de espera."

'Fala isso quem não conhece a economia'

Carlos Thadeu de Freitas, ex-diretor do Banco Central

"O Brasil não está quebrado. O Brasil quebrou várias vezes no passado por falta de dólares. E quebrou em cruzados novos pela hiperinflação deixada pelo ex-ministro Maílson da Nóbrega com sua política de feijão com arroz.

Hoje, o Brasil é credor líquido em dólares, tem a taxa de juros mais baixa da história, saiu em 'V' da recessão e a renda média aumentou no ano passado. Fala que o País está quebrado somente quem não conhece economia.

Mas presidente é presidente. Bolsonaro falou isso para ninguém pedir ajuda. Ele quis barrar pedidos de verbas ao governo. Quando prometeu ampliar a faixa de isenção do IR era outra época Hoje, mudou tudo. É outro mundo. O presidente tem de falar não e não."

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