O anúncio de Eduardo Girão (Podemos) de que votará em Simone Tebet (MDB-MT) para a Presidência do Senado Federal, feito nessa quarta-feira, 20, era o que restava para que o cenário na bancada cearense naquela Casa se definisse inteiramente.
Assim como o congressista do Podemos, Tasso Jereissati (PSDB) já havia definido voto na emedebista. No caso dele, dada a divergência no tucanato, o partido liberou a bancada de sete senadores para votar de acordo com as convicções particulares.
Tasso celebrou nas redes a posse do novo presidente dos EUA, o democrata Joe Biden, como vitória da democracia e derrota do negacionismo científico e, na esteira disso, comparou Tebet à Nancy Pelosi, primeira mulher a presidir a Câmara dos Deputados dos EUA e opositora do agora ex-presidente Donald Trump. Caso vença, a emedebista será a primeira mulher a presidir o Senado brasileiro.
Tebet esperava o apoio de todo o PSDB, mas conseguiu atrair, além do empresário cearense, as adesões de José Serra e Mara Gabrili, ambos de São Paulo. Outros quatro tucanos votarão no candidato Rodrigo Pacheco (DEM-MG).
É o que também fará Cid Gomes ao acompanhar o partido dele, o PDT, no apoio ao postulante do DEM. A preço de hoje, a candidatura de Pacheco tem situação favorável em razão de um aspecto curioso: a preferência de forças antagônicas como petistas e bolsonaristas, além de outros setores do Parlamento. Pacheco tem ainda outro apoio significativo, o do atual presidente do Senado e correligionário dele Davi Alcolumbre (DEM-AP).
É por isso mesmo que Girão justificou a escolha por Tebet. Sem deixar de reconhecer eventuais qualidades no colega Pacheco, disse que o problema é quem está ao lado dele.
"(A coalizão de Pacheco) Representa tudo o que a gente não quer. Ele reúne ali desde o presidente do Senado Federal, o atual, como também PT, como o Planalto, mas de uma forma que coloca o Senado na coleira. Isso não é bom", afirmou o ex-presidente do Fortaleza Esporte Clube.
Girão argumentou ainda que o Senado necessita de independência e altivez, valores para ele representados pela atual presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ).
Para ele, a emedebista é "sensível" aos pleitos da população por ter pautado, por exemplo, a prisão em 2ª instância, ainda quando Sergio Moro era ministro da Justiça e Segurança Pública e logo após o Supremo Tribunal Federal (STF) ter formado maioria pela prisão após o trânsito em julgado, em novembro de 2019.
Ele defendeu que a eleição ocorra com voto aberto por avaliar que esse formato pode "mudar o rumo do desfecho e fortalecer o Brasil."
Na Câmara dos Deputados, a situação também se encaminha para conclusão da oficialização de todos os 22 votos - sem deixar de considerar a possibilidade de dissidências nas duas votações.
Pedro Bezerra (PTB) é exemplo de deputado que estava indefinido e, a partir da orientação partidária, manifestou apoio a Arthur Lira (PP-AL), o líder do grupo de partidos intitulado Centrão e apoiado pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido).
Genecias Noronha (SD) também não havia publicizado a escolha. No Palácio da Abolição, sede do Governo do Ceará, disse que respeitaria definição da legenda. O SD anunciou apoio a Baleia nessa segunda.