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Violência política de gênero, um conceito
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Violência política de gênero, um conceito

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Cientista social e pesquisadora do Lepem-UFC, Monalisa destaca outro termo importante: para compreender o lugar da mulher na política é preciso atentar para a chamada "Violência Política de Gênero". O conceito é recente e passou a ser mais difundido em 2020.

"As mulheres, quando começaram a adentrar no campo político, perceberam que as violências que vivem fora, sofrem dentro. Há uma reprodução. Essas violências chegam, obviamente, nesse sentido: de minar a capacidade das mulheres", explica. O conceito se aplica tanto para mulheres que estão em mandato quanto para aquelas que estão postulando cargo. "Mulheres candidatas sofrem muito", afirma Monalisa.

Os desafios internos para conseguir recursos partidários são um exemplo. Quando eleita, conjugar a vida privada e a vida pública, cuidados com filhos, casa, vida profissional e vida política sobrecarrega as profissionais.

É o que estuda Tássia Rabelo de Pinho, doutora em Ciência Política pelo Instituto de Estudos Sociais e Políticos da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj). Autora de artigo intitulado "Debaixo do Tapete: A violência política de gênero e o silêncio do Conselho de Ética da Câmara dos Deputados", ela traz considerações seminais sobre o tema. Para Tássia, o debate sobre a violência contra as mulheres na política ainda é invisibilizado no Brasil.

De acordo com a pesquisadora, a ausência de mulheres em espaços de tomada de decisão contribui para a ideia de que a política não é um lugar destinado à participação feminina.

"Elemento que, combinado a expressões de violência política que menosprezam as mulheres que possuem atuação política, perfaz um quadro que desincentiva outras mulheres a construir uma carreira política", reflete.

Essa violência, ainda conforme o estudo, pode ter um impacto que vai além das mulheres que a sofrem diretamente. Esse tipo de opressão cumpre um duplo papel: afastar a mulher que é alvo das agressões da política e diminuir o alcance de sua atuação, bem como passar uma mensagem para todas as outras mulheres de que a esfera pública não é o seu lugar. E, caso insistam em disputá-lo, sofrerão "punições". (Gabriela Feitosa/especial para O POVO)

 

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