O governo Camilo Santana (PT) segue a agenda de reuniões com os prefeitos das macrorregiões do Ceará. O compromisso desta segunda-feira, a partir de 9h30min, é com os gestores do Cariri.
Os encontros, que têm como objetivo detalhar a realidade epidemiológica, as ações tomadas a nível estadual e o acolhimento de demandas dos municípios, já ocorreram com gestores da macrorregião Norte e Fortaleza.
O roteiro, além do Cariri, ainda inclui o Sertão Central e Jaguaribe/Litoral Leste. Desde o início da pandemia, diálogos têm sido travados com o governador e o secretário Dr. Cabeto (Saúde) à frente.
A segunda onda da Covid-19 traz consigo novos componentes de preocupação e estresse. Diferentemente do retrato de março de 2020, por exemplo, quando o vírus se concentrava mais fortemente em Fortaleza, a realidade atual é de agravamento do quadro por todo o mapa do Estado.
É um fator que tem demandado rápidas respostas: abertura de leitos de enfermaria e de Unidades de Terapia Intensiva (UTIs), no exemplo mais claro. O dado atual é de 4.182 leitos exclusivos para Covid-19. Deles, são 3.023 de enfermaria e 1.159 de UTIs.
"Chamou atenção ultimamente a questão do oxigênio. Os municípios é que fazem a contratação do oxigênio, o Governo do Estado mantém o estoque de oxigênio nos seus equipamentos de Saúde", explica o secretário da Casa-Civil, Chagas Vieira.
Ele destaca que a administração estadual tem empreendido esforços no sentido de auxiliar as prefeituras, também responsáveis pela condução da Saúde.
"Agora, com a crise e o agravamento, muitos dos fornecedores dos municípios tiveram dificuldade. O governo tem buscado apoiar os municípios nessa questão de medicamentos, do oxigênio. Inclusive, o governo fez aquisição de oxigênio para doar via Aprece (Associação dos Municípios do Ceará)."
Recentemente, no dia 16 de março, a Assembleia Legislativa autorizou o Estado a adquirir diretamente 5,8 milhões da vacina Sputnik V. É mais um movimento de governadores do Nordeste diante da morosidade com que o Governo Federal guia a questão.
O que ficou acordado entre governadores do Nordeste e o governo Bolsonaro, porém, é de que os imunizantes podem ser requisitados pelo Plano Nacional de Imunização (PNI).
Se assim se suceder, as vacinas serão encaminhadas ao Ministério da Saúde para distribuição. As primeiras doses chegam em abril. Não há ainda posição conclusiva do Planalto sobre se vai ou não pedir as vacinas.
Em paralelo ao enrijecimento de medidas de isolamento, há na mão contrária a pressão pela retomada de alguns segmentos da atividade econômica, conforme O POVO ouviu de alguns prefeitos do Cariri. É comum que as principais queixas recaiam sobre estes gestores, que acompanham mais de perto o dia-a-dia das cidades.
O prefeito de Jardim, Dr. Aniziário (PSB), votou contra a decretação de lockdown na região, no início de março. "Estava de acordo com que o governo aumentasse UTIs na Região e fosse mais exigente em relação aos bancos e supermercados, que concentram muita gente. Não adianta a gente fechar os pequenos comércios e deixar os grandes abertos", ele opina sobre as atividades essenciais.
Ele também relata que o munícipio, de 27,1 mil habitantes, com pequenos comércios e cerca de 2 mil a 2,5 mil pessoas que viajam para as lavouras temporárias do agronegócio de Goiás, Minas Gerais e algumas cidades do interior de São Paulo, sofreu impactos nessas áreas.
"Se o governo faz lockdown agora, 15, 20 dias, lógico que não é lockdown real, mas mesmo assim repercute bastante nos leitos, consequentemente o governo relaxa medidas", ele afirma sobre o futuro.
Zé Ailton Brasil (PT), prefeito do Crato, diz que a maior emergência é por leitos de enfermaria e de UTI. O prefeito diz que pedirá ao governador mais vacinas, embora reconheça que a vinda delas passa primeiramente pela gestão federal.
O petista participa nesta segunda-feira de assembleia do Consórcio Nacional de Vacinas, iniciativa da Frente Nacional de Prefeitos (FNP). "Estou confiante de que a gente pode sair desse encontro com alegria maior", diz sobre possibilidade de compra de vacinas.
Presidente da Associação dos Municípios do Cariri Oeste (Amcoeste), Dr. Italo (PP), prefeito de Nova Olinda, adianta que vai pleitear reabertura de leitos de UTI. "Acredito que o Governo do Estado tem se esforçado para criar programas de incentivo à segmentos da sociedade, mas necessitamos urgentemente de aumentar nossa estrutura hospitalar para que possamos reabrir o comércio."