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"Cota política" do governo José Sarto inclui candidatos derrotados e parentes de aliados
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"Cota política" do governo José Sarto inclui candidatos derrotados e parentes de aliados

| PMF | Quase 50 gestores nomeados possuem forte perfil político, incluindo 17 derrotados em 2020
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Sarto afirma que deve transformar ala da pediatria do IJF em enfermaria para Covid-19 (Foto: Aurelio Alves)
Foto: Aurelio Alves Sarto afirma que deve transformar ala da pediatria do IJF em enfermaria para Covid-19

Próximo da marca dos três meses de gestão, o prefeito José Sarto (PDT) já nomeou cerca de 50 pessoas com perfil de indicação política para a estrutura da Prefeitura de Fortaleza. Entre os nomes que já tiveram nomeação oficializada, estão vereadores, lideranças partidárias e quase duas dezenas de candidatos derrotados nas urnas em 2020.

A informação tem base em levantamento do O POVO no Diário Oficial do Município. Ao todo, três vereadores eleitos de Fortaleza - Elpídio Nogueira (PDT), Michel Lins (Cidadania) e Raimundo Filho (PDT) - foram indicados para secretarias da gestão. Outros 17 candidatos que perderam a eleição de 2020 encontram "abrigo" na gestão.

Apesar de legal, a prática costuma ser questionada e relacionada ao "toma lá, dá cá" por adversários políticos da gestão. O próprio aliado maior e antecessor de Sarto, Roberto Cláudio (PDT), usou deste tipo de crítica em 2012, quando foi eleito.

Ex-vereador que não conseguiu reeleição e está hoje na gestão, Evaldo Lima (PCdoB) afirma que preenchimento de espaços por aliados é natural. "Fazer política envolve a construção de alternativas, e isso se faz através de capacidades técnicas, mas também políticas", diz o atual secretário-executivo da Cultura.

E completa: "A gente tem que ter muito cuidado quando fala dessas coisas, porque a rejeição da política é a barbárie. Quem prega a tal nova política muitas vezes acaba é indo mais para o lado do fisiologismo".

Candidato derrotado por Sarto no 2º turno de 2020, Capitão Wagner (Pros) repetiu diversas vezes na campanha que aliança ampla do adversário teria "fatura cara" na formação do governo. "Indicação política é natural, desde que haja um limite. E não é isso que estamos vendo, é só observar a quantidade de parentes na gestão".

Líder da oposição na Câmara, Márcio Martins (Pros) critica sobretudo perfil das indicações das Regionais de Fortaleza, recentemente ampliadas de sete para doze e que têm hoje dois titulares que são vereadores, quatro que são suplentes e cinco que são indicações de partidos. "As Regionais foram criadas pensando em aproximar o Executivo da população, mas acabaram virando legítimos cabides de emprego".

A tese é contestada pelo vereador Michel Lins, indicado por Sarto para a Regional 3. "Isso é uma grande mentira que a oposição quer implantar, de que políticos não podem ser indicados porque não são técnicos. Por quê? Eu mesmo sou político e sou técnico, já coordenei projeto que foi considerado referência para o Brasil", diz, destacando que mudanças nas Regionais não promoveram aumento de gastos.

A reportagem entrou em contato com a Prefeitura de Fortaleza sobre o caso, mas não obteve resposta até o fechamento desta página.

A cota politica do governo Sarto
A cota politica do governo Sarto (Foto: A cota politica do governo Sarto)

 

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