Os 81 senadores devem sofrer algum nível de pressão durante a tramitação do PL 948/2021, com abertura de possibilidade para compra de vacinas por empresas privadas.
A Câmara dos Deputados, com 513 parlamentares, é uma Casa comumente mais suscetível às pressões externas. A votação ali envolveu, inclusive, um pedido posterior de desculpas a eleitores.
A deputada federal Marília Arraes (PT-PE) se omitiu na votação da semana passada. Na sequência, a petista foi às redes sociais emitir autocrítica na forma de nota.
Maior bancada da Câmara, o Partido dos Trabalhadores orientou voto contra a proposta. Os deputados José Guimarães e José Airton, dois cearenses do PT, seguiram o encaminhamento da legenda.
"Venho aqui reconhecer meu erro e me desculpar com a nossa militância, com o PT, com o Brasil", disse Arraes em comunicado. Afora a deputada, só houve outra abstenção, a do deputado Stefano Aguiar (PSD-MG).
Outros partidos de centro-esquerda têm simpatizantes da proposta entre seus quadros sem constrangimentos políticos. Na bancada do PDT, os cearenses Eduardo Bismarck e Robério Monteiro votaram "sim", mesmo com as posições contrárias dos ex-governadores Ciro e Cid Gomes, líderes do pedetismo, ao conteúdo da proposta.
Na centro-direita, o ex-presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), criticou a ideia. Para ele, "uma derrota da solidariedade do bem comum". "E mais uma vez será a falsa vitória da política do mérito, onde vence, em tese, aqueles que tem 'maiores qualidades' em detrimento dos outros", escreveu o parlamentar do Rio de Janeiro.
Arthur Lira (PP-AL), atual presidente da Câmara, foi entusiasta da proposta, pois para ele "na guerra tudo vale para salvar vidas". (Carlos Holanda)