Políticos cearenses repercutiram a entrevista do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) realizada ontem, na rádio O POVO CBN. A conversa ocorreu no dia em o plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) analisa a decisão do ministro Edson Fachin que anulou as condenações do petista na Lava Jato.

O deputado federal e vice-presidente do PT nacional, José Guimarães, endossou as críticas feitas por Lula ao presidente da República, Jair Bolsonaro, reforçando que o "sentimento de reconstrução e transformação" dado pelo ex-presidente constrói um "antagonismo natural". "O Lula representa tudo que o Bolsonaro não é. O povo sabe que o Lula fez o oposto. Ele representa essa reconstrução do país, por isso que polariza", avaliou.

Sobre as relações com o ex-governador Ciro Gomes e o PT, o parlamentar afirma que Lula manteve um tom de "respeito" ao ex-aliado de governo. Ao mesmo tempo, segundo Guimarães, ele faz um apelo ao pedetista. "O Lula deu tratamento devido e respeitoso e meio que quase que fez, no meu entendimento, um apelo, que ele [Ciro] se distancie dessa derivada da direita e venha se compor na esquerda. É uma posição muito clara", disse.

Para o vereador Guilherme Sampaio (PT), o ex-presidente reforçou sua relação "de muita confiança política, respeito e admiração" pelo governador Camilo Santana (PT). " No que diz respeito ao enfrentamento da pandemia e no reconhecimento de Camilo como liderança de projeção com um futuro promissor", afirmou o parlamentar. Contudo, ele não poupou críticas às manifestações de Ciro diante do PT.

O petista avalia que o "grande desgaste" do partido com o PDT ocorre em função das declarações do próprio pedetista que busca, com "obstinação", tentar se viabilizar "a qualquer custo por critérios de seus méritos pessoas ser presidente". "Neste momento presta serviço a direita brasileira. Ao invés de se viabilizar no campo progressista, ele volta às suas origens", disse.

Em entrevista, Lula falou do apoio de Camilo, colocando-se disposto a “disputar o coração bondoso” do governador. O presidente estadual do PDT, deputado André Figueiredo, por sua vez, questionou a declaração. Segundo ele, o ex-presidente “não tem que conquistar o coração do Camilo”, uma vez que o governador já é membro do Partido dos Trabalhadores. “O governador Camilo é do PT. Então, não tem o que discutir hoje se o Camilo vai apoiar o Ciro ou se vai apoiar o Lula. Nós temos que ver a posição e isso cabe ao governador Camilo”, afirmou.

Para o líder do governo Sarto na Câmara Municipal de Fortaleza, Gardel Rolim (PDT), o ex-presidente entra “no debate sentimental” e “evoca um sentimento de um governo que já se passou a mais de 10 anos”. “Aqui não é uma paixão, não é um debate sentimental. O que a gente tem que mostrar para o Brasil são os projetos e o PDT, personificado no Ciro, tem muita propriedade. Qual a proposta que o presidente Lula e o PT têm? Isso precisa ser a grande pergunta”, diz.