Por quase dez horas de um domingo, deputados federais alternaram-se no microfone na sessão da Câmara de 17 de abril de 2016 quando foi aprovada a admissibilidade do impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT).
Naquele dia, a palavra mais citada pelos parlamentares foi “família”. Foram 156 menções, como a do deputado Izalci Lucas (PSDB-DF): “Em respeito à Constituição, em homenagem à minha família e aos meus eleitores, em homenagem ao aniversário da minha cidade — 56 anos da capital da República; em homenagem ao povo brasileiro, voto ‘sim’”.
Depois de família, um dos vocábulos mais recorrentes nos votos dos deputados foi “Deus”: 76 registros nas notas taquigráficas da sessão daquele domingo, que começou no fim da tarde e atravessou a noite.
Nesse ranking, porém, “Deus” aparece logo atrás de “corrupção”, citada 87 vezes, mas à frente de “verdade”, que figurou somente 27 vezes.
“Mãe”, a quem o voto de muitos parlamentares acabou se destinando, assim como tias e avós, foi reproduzida 23 vezes nas falas de deputados e deputadas.
Eleito pelo Piauí, Heráclito Fortes (PSB) discursou a favor do afastamento de Dilma: “Quero deixar aqui o meu abraço à minha mulher Mariana; às minhas filhas Marianinha, Heloísa e Camila; aos meus netos Antônio e João; à minha neta que está por vir, Olímpia; à minha irmã Zélia; e à minha Tia Elzamir, com 96 anos”. Em seguida, o pessebista votou “sim” pela continuação do processo.
Outro deputado que também lembrou da família foi Franklin Lima (PP-MG). “Quero agradecer à minha esposa, à minha filha, que vêm me dando muita força; à minha mãe; à minha tia Eurides, que cuidou de mim quando pequeno; à minha tia Geo, que me ensinou a educação”, elencou, para depois votar contra Dilma.