O governador Camilo Santana (PT) se manifestou ontem nas redes sociais sobre decisão da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) que rejeitou a importação da vacina russa Sputnik V pelos estados. Em nota divulgada logo após o resultado, o governador resumiu o caso com "decepção e estranheza", destacando que o imunizante já é aplicado em mais de 60 países.
“Embora respeite a decisão da Anvisa de veto ao uso emergencial da Sputnik V neste momento, não posso deixar de expressar minha decepção e estranheza, pelo fato de a mesma vacina já ser usada em muitos países, e com eficácia demonstrada”, publicou Camilo nas redes sociais na noite desta segunda-feira.
Com a decisão, o Ceará ficará impossibilitado, pelo menos até uma segunda análise da Anvisa, de adquirir 5,87 milhões de doses do imunizante que já tinham tido compra negociada pelo governo. A aquisição das vacinas chegou inclusive a ser aprovada, ainda em março, pela Assembleia Legislativa (AL-CE), mas nenhum valor saiu dos cofres públicos.
“Continuarei lutando por essa autorização, de forma segura e seguindo todas as regras, para podermos trazer a vacina para a nossa população o mais rápido possível, principalmente diante da lentidão do Governo Federal no repasse de vacinas", diz Camilo. "O que não aceitarei jamais é que haja qualquer tipo de politização desse processo”.
Articulador da aprovação da compra da vacina, o presidente da AL-CE, Evandro Leitão (PDT), também se manifestou sobre o caso. "Lamentamos que no dia em que o Ministério da Saúde muda o discurso e recomenda estocar vacina pela escassez de doses, a Anvisa nega a liberação da Sputnik V para os estados do Nordeste".
"Vale lembrar que é uma vacina com eficácia de 91,5% contra a doença e é utilizada em 60 países, incluindo Argentina e México. É lamentável ainda que no dia que o Brasil ultrapassa as 390 mil mortes, ainda se propague fake news e haja aproveitamento político dessa tragédia", continua o presidente da Assembleia.
O deputado José Guimarães (PT) também protestou contra a decisão da agência federal. “Anvisa reprova importação de uma vacina autorizada em mais de 60 países, com população de mais de 3 bilhões de pessoas. O Brasil nunca passou por isso. Até quando vamos suportar esse governo e seus agentes maquinarem contra vidas humanas”.
Nas redes sociais, perfil oficial da Sputnik V também se manifestou sobre a decisão da Anvisa. Em publicações no Twitter, foram rebatidas as alegações de diretores e técnicos da agência federal de que o imunizante não teria oferecido dados suficientes que garantissem a segurança de sua aplicação, ainda que em caráter emergencial.
"A Sputnik V compartilhou com a Anvisa todas as informações e documentações necessárias, muito mais do que o utilizado para homologar a Sputnik V em 61 países. Esperamos que a ciência, e não a pressão de outro país, seja usada para a tomada de decisão", disse o perfil, destacando relatório do governo dos Estados Unidos que admitiu que o país faz tratativas com o governo brasileiro pela rejeição da vacina russa.
A Sputnik V compartilhou com a Anvisa todas as informações e documentações necessárias, muito mais do que o utilizado para homologar a Sputnik V em 61 países. Esperamos que a ciência, e não a pressão de outro país, seja usada para a tomada de decisão.