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Bolsonaro insinua que China faz ‘guerra química’ com Covid
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Bolsonaro insinua que China faz ‘guerra química’ com Covid

Horas depois, presidente fez aceno ao país asiático, dizendo que não mencionou ao levantar dúvidas sobre origem do vírus
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PRESIDENTE voltou a 
adotar discurso de 
confronto com a China (Foto: Marcos Corrêa/Presidência da República)
Foto: Marcos Corrêa/Presidência da República PRESIDENTE voltou a adotar discurso de confronto com a China

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) fez mais um ataque à China, o principal parceiro comercial do Brasil, ao insinuar que a pandemia da Covid-19 seria um instrumento de "guerra química" para garantir maior crescimento econômico ao país asiático. Bolsonaro voltou a dizer que o coronavírus pode ter sido criado em laboratório - tese contestada como "extremamente improvável" pela Organização Mundial da Saúde (OMS).

"É um vírus novo, ninguém sabe se nasceu em laboratório ou se nasceu por algum ser humano ingerir um animal inadequado. Mas está aí, os militares sabem que o que é guerra química, bacteriológica e radiológica. Será que não estamos enfrentando uma nova guerra? Qual o país que mais cresceu seu PIB? Não vou dizer para vocês. O que está acontecendo com o mundo todo, com sua gente e com o nosso Brasil?", disse o presidente em cerimônia no Palácio do Planalto referente à Semana das Comunicações.

Bolsonaro fez as afirmações justamente no momento em que Estados enfrentam dificuldades para aplicar a segunda dose da Coronavac, vacina produzida no Brasil pelo Instituto Butantan com insumos chineses.

Horas depois, à noite, Bolsonaro negou ter feito acusação de que a China esteja engajada numa guerra bacteriológica. "Eu falei a palavra China hoje de manhã? Não falei. Eu sei o que é guerra bacteriológica, química, nuclear. Eu sei porque tenho informação, e só falei isso, mais nada", declarou em entrevista concedida no aeroporto do Galeão, no Rio de Janeiro.

Em seguida o presidente lançou um desafio sobre origem do coronavírus: "Ninguém fala, vocês da imprensa não falam onde nasceu o vírus. Falem, ou estão temendo alguma coisa?" Depois, repetiu o afago ao principal parceiro comercial do Brasil: "Eu não falei a palavra China. Muita maldade tentar aí um atrito com um país que é muito importante pra nós e nós somos importantes pra eles também".

O presidente foi ao Rio à tarde para encontrar o governador Cláudio Castro (PSC) e antes de embarcar de volta para Brasília encontrou-se com Robson Nascimento de Oliveira, libertado após dois anos preso na Rússia.

Ele foi à Rússia trabalhar como motorista do jogador de futebol Fernando e acabou preso ao transportar, a pedido do patrão, um medicamento que é legal no Brasil e proibido na Rússia. Com a intervenção do governo brasileiro, Oliveira foi libertado no último domingo, 2.

Na semana passada, o ministro da Economia, Paulo Guedes, também disse que "o chinês inventou o vírus". Sem saber que estava sendo gravado em reunião do Conselho de Saúde Suplementar, Guedes afirmou, ainda, que a vacina produzida pela China era "menos efetiva que a do americano". Horas depois, disse ter usado "uma imagem infeliz".

O ex-chanceler Ernesto Araújo, o ex-ministro da Educação Abraham Weintraub e o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) também já provocaram atritos com a China.

Interdição

Após as declarações, o presidente da Frente Parlamentar Brasil-China, deputado Fausto Pinato (Progressistas-SP), defendeu a interdição de Bolsonaro por "desvio de personalidade" Em nota, afirmou que o presidente pode ter "uma grave doença mental" que o faria "confundir realidade com ficção".

Presidente sai em defesa do "gabinete do ódio"

Na cerimônia de ontem pela manhã, Bolsonaro defendeu o filho, o vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ), e os assessores da Presidência Tercio Arnaud Tomaz e José Matheus Salles Gomes. Conhecido como "gabinete do ódio", o núcleo faz o papel de milícia digital promovendo ataques contra opositores do governo nas redes sociais. "São pessoas perseguidas o tempo todo, como se tivessem inventado um gabinete do ódio", afirmou o presidente "É o gabinete da liberdade, da seriedade."

Crítico de medidas de isolamento social, Bolsonaro disse avaliar a edição de um decreto para garantir a "liberdade de culto, de poder trabalhar e o direito de ir e vir". E, num desafio ao Supremo Tribunal Federal (STF), disse que a medida "não poderá ser contestada por nenhum tribunal".

 

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