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Ernesto Araújo, Pazuello e Mayra depõem à CPI da Covid nesta semana
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Ernesto Araújo, Pazuello e Mayra depõem à CPI da Covid nesta semana

CPI da Covid chega à terceira semana com esperado depoimento de Pazuello, que conta com habeas corpus concedido pelo STF para ficar calado
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Ex-ministro da Saúde, general Eduardo Pazuello (Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil)
Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil Ex-ministro da Saúde, general Eduardo Pazuello

A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid tem pela frente mais três dias de depoimentos cujo impacto é imprevisível para o Governo. Já amanhã, terça, 18, o colegiado ouve o ex-chanceler Ernesto Araújo. Demitido depois de pressão de partidos do Centrão, o ex-ministro das Relações Exteriores deve ser questionado principalmente sobre ações da pasta que comandou para intermediar compra de insumos para a produção de cloroquina no Brasil, remédio sem eficácia contra o coronavírus.

Na quarta-feira, 19, o ex-titular da Saúde, Eduardo Pazuello, presta depoimento sob muita expectativa. Amparado por habeas corpus concedido pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Ricardo Lewandowski, o general pode manter silêncio se perguntado sobre temas cujas respostas possam incriminá-lo.

Interessam aos senadores que integram a CPI a conduta do Governo e do Ministério da Saúde durante a crise da falta de oxigênio na rede hospitalar de Manaus, no início do ano, e a recusa de ofertas de compra de vacinas apresentadas pela Pfizer no ano passado.

Como já é investigado em ao menos dois inquéritos, um conduzido pela Polícia Federal e outro pelo Ministério Público no Distrito Federal, Pazuello alegou que tem direito a não produzir prova contra si mesmo na CPI. Lewandowski, contudo, abriu brecha para que os senadores interpelem o ex-ministro sobre assuntos que dizem respeito a terceiros, como o presidente Jair Bolsonaro e outros membros do Planalto.

Fechando a semana, os 11 integrantes da comissão recebem Mayra Pinheiro para ouvi-la como depoente. Secretária de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde do Ministério da Saúde, a médica cearense é apontada como responsável pela caravana que foi a Manaus no auge da crise sanitária no Amazonas e recomendou a profissionais locais o emprego de cloroquina como parte de um "tratamento precoce".

Assim como o ex-chefe, Mayra ingressou, por meio de seus advogados, com pedido de HC para guardar silêncio durante a tomada depoimento na CPI. Os argumentos são os mesmos mencionados pela defesa do general.

Professor de Ciência Política da Universidade Federal do Piauí (UFPI), Vitor Sandes pondera que "o depoimento de Pazuello não será central" na comissão, já que "outros, inclusive do ex-diretor a Pfizer no Brasil, foram bem mais importantes porque comprovaram que o governo brasileiro rejeitou as primeiras ofertas (de vacinas) e que havia pessoas externas ao governo que participaram das reuniões".

Para o docente, a "CPI tem, de modo geral, servido para desgastar o governo" e "vai colocando a incapacidade de Bolsonaro de lidar com a pandemia da melhor forma".

Cientista político e professor da Universidade Estadual do Ceará (Uece), Emanuel Freitas afirma que, até agora, a atuação da CPI tem sido marcada pelo fracasso das estratégias dos senadores governistas.

"A CPI foi antecedida por uma batalha de governistas, com destaque para Girão, para colocar entre seus convocados ou investigados governadores e prefeitos, rastreando verbas repassadas pelo MS para ver que uso se fez delas", lembra Freitas.

Segundo ele, "por enquanto, essa expectativa está sendo frustrada porque, a partir dos depoimentos, os focos têm sido cada vez mais direcionados ao Governo Federal".

 

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