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TCU diz que vai apurar conduta de servidor que escreveu nota sobre Covid usada por Bolsonaro
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TCU diz que vai apurar conduta de servidor que escreveu nota sobre Covid usada por Bolsonaro

Documento sem respaldo. Covid-19
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Tipo Notícia

O Tribunal de Contas da União (TCU) vai abrir investigação interna para avaliar a conduta de um servidor que produziu um documento sobre mortes na pandemia do novo coronavírus. A reportagem apurou com integrantes do tribunal que o levantamento não oficial foi feito pelo auditor Alexandre Figueiredo Costa Silva e teria servido como base para a declaração do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) de que cerca de metade das mortes registradas como Covid-19 não seriam causadas pela doença.

Em nota, o tribunal afirmou tratar-se de uma análise pessoal do funcionário. "O documento refere-se a uma análise pessoal de um servidor do tribunal compartilhada para discussão e não consta de quaisquer processos oficiais desta Casa, seja como informações de suporte, relatório de auditoria ou manifestação do tribunal. Ressalta-se ainda que as questões veiculadas no referido documento não encontram respaldo em nenhuma fiscalização do TCU", diz o comunicado.

Na segunda-feira, 7, ao conversar com apoiadores no Palácio da Alvorada, Bolsonaro atribuiu a informação sobre supernotificação de mortes ao próprio TCU, mas foi desmentido na sequência. Em nota, o tribunal disse que não "há informações em relatórios do tribunal que apontem que 'em torno de 50% dos óbitos por Covid no ano passado não foram por Covid, conforme afirmação do presidente Jair Bolsonaro".

Ao voltar ao assunto ontem, Bolsonaro admitiu que errou ao atribuir o dado ao TCU, mas insistiu que há "supernotificação", sem apresentar qualquer prova. Ao tentar justificar a declaração falsa dada no dia anterior, o presidente disse que o tribunal apontou risco de ocorrer supernotificação porque a lei complementar 173/2020, que definiu critérios para o dinheiro usado no combate à pandemia ser enviado a estados, leva em conta o número de mortes em cada unidade da federação. A conclusão de que metade dos óbitos não foi Covid, segundo disse ontem o presidente, é do próprio Governo Federal, e não do tribunal.

Mesmo com o desmentido, apoiadores do presidente, como o filho e deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) e a presidente da CCJ da Câmara, Bia Kicis (PSL-DF), reproduziram a informação falsa por meio de redes sociais.

Alguns dos apoiadores do governo reproduziram o relatório do servidor do TCU que aponta a "supernotificação" de mortes por Covid para reforçar a narrativa.

A reportagem não conseguiu contato com o auditor Alexandre Figueiredo Costa Silva. (Agência Estado)

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