O prefeito de Juazeiro do Norte, Glêdson Bezerra (Podemos), e o vice, Giovanni Sampaio (PSD), tiveram as contas da campanha desaprovadas pela Justiça Eleitoral pelo uso indevido de um helicóptero no período que antecedeu o pleito. A decisão é do juiz da 119ª Zona Eleitoral, Francisco José Mazza Siqueira, e obteve parecer favorável do Ministério Público.
A sentença aponta uma série de irregularidades cometidas pelos então candidatos durante as eleições municipais do ano passado. Entre elas, a exibição de uma aeronave durante uma carreata que não foi registrada na prestação de contas de campanha. Em sua defesa, a chapa afirma que não tinha conhecimento do uso do helicóptero no evento.
O magistrado verificou, no entanto, que não houve esforço de Glêdson para ocultar a cena, tendo ele, inclusive, postado nas suas redes sociais imagens da carreata e do helicóptero. O juiz lembra que no registro aparece uma cena da aeronave lançando uma “chuva” de papel picado, tendo sido favorecida na publicidade eleitoral.
O magistrado verifica ainda que o helicóptero pertence a uma pessoa jurídica, - representada na pessoa do empresário Gilmar Bender (PDT) - um tipo de fonte de receita vedada pela legislação eleitoral. Pesa também contra Glêdson o fato do empresário ter sido o principal doador de campanha, tendo investido R$ 255 mil.
O Ministério Público, por sua vez, reiterou a decisão com parecer favorável. “As omissões e falhas da prestação de contas dos candidatos sob exame não asseguram que a campanha política tenha sido desenvolvida de forma limpa, com a garantia do equilíbrio da concorrência, sendo ilegítimo eventual mandato conquistado”, ressaltou o promotor eleitoral Flávio Côrte Pinheiro de Sousa.
O uso da aeronave sustentou ainda uma cassação dos diplomas de Glêdson e Giovanni por abuso de poder, no último dia 30 de abril. Nesse caso, a decisão foi do juiz 28ª Zona Eleitoral do Ceará, Giacumuzaccara Leite Campos, que alegou que a exibição tornou a propaganda eleitoral "injusta e desproporcional”.
A cassação do diploma e reprovação das contas são novos episódios em meio ao início de ano turbulento da gestão Glêdson Bezerra em Juazeiro do Norte. Em apenas pouco mais de cinco meses de governo, o prefeito já responde a três Comissões Parlamentares de Inquérito (CPIs) no Legislativo do município. Ações envolvem acusações diversas, desde nepotismo, contratações irregulares a até “fura-filas” na vacinação contra Covid-19.
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