É tranquila a relação dos prefeitos de Maracanaú, Roberto Pessoa (PSDB), e do prefeito de Caucaia, Vitor Valim (Pros), com as respectivas câmaras municipais.
O tucano faz um governo de continuidade e, desse ponto de vista, foi mais fácil acomodar um cenário de maioria que lhe fosse favorável. Já a vitória de Valim significou a descontinuidade da gestão de Naumi Amorim (PSD).
Por diferença de um partido, foi de Pessoa a maior coligação formada para a disputa travada contra o candidato de oposição Júlio César Filho (Cidadania). Embora esteja à direita, Pessoa teve o apoio do PCdoB e guarda boa relação com o PT no município. A dinastia do grupo político dele no município começou em 2004 e se mantém até hoje, passados 17 anos.
O ex-prefeito de Maracanaú, Júlio César (Cidadania), é o único vereador a mover oposição contra Pessoa num Legislativo composto por 21 parlamentares. “Então, ele é uma oposição bem tranquila. Ele tem a voz dele, altiva de ex-prefeito, mas sempre que tem projetos que acha que deve votar (a favor), ele vota tranquilo”, define o vereador de Maracanaú, Paulinho de Cesinha (PSDB).
Roberto Pessoa disse ao O POVO que a extensa bancada é consequência direta dos anos do grupo à frente da cidade, “o que gerou um respeito dos vereadores eleitos através desse tempo.”
Conhecido por não fugir de embates, Pessoa adota tom ameno ao se referir a adversários locais. "Nós sempre tivemos uma oposição muito pequena em Maracanaú, mas isso não me envaidece. Eu respeito muito a oposição. Quando uma gestão tem uma oposição forte, acaba errando menos e o grande beneficiado é o povo.”
Em Caucaia, Valim se encontra em situação similar, mas teve de arregaçar as mangas para entrar e sair de conversas para conquistar vereadores. O político e apresentador televisivo foi eleito ao lado de 18 vereadores pertencentes à coligação do derrotado Naumi.
Para se ter ideia, a vitória de Doutor Tanilo (PDT), em janeiro, à presidência da Câmara Municipal foi tida como uma derrota para o prefeito de primeira viagem. Passado o furor eleitoral, precisamente em 15 de maio, o pedetista homenageou o chefe do Executivo nas redes pelo aniversário.
Valim foi qualificado por Tanilo como homem de “grande trajetória pública” e de “coragem e comprometimento” à frente da segunda maior cidade do Estado. Foi um exemplo público de que a relação entre os poderes estava positiva para Valim.
Na sequência, em outras postagens, Tanilo figura ao lado de Valim em eventos de início ou entrega de obras no município.
“Na verdade, a articulação política é feita exclusivamente pelo prefeito Valim”, diz Felipe Mota, chefe de gabinete dele, ressaltando as credenciais para o diálogo adquiridas no Legislativo pelo aliado. De 23 vereadores de Caucaia, somente Weibe Tapeba (PT) e Elza Góes (PSL) são opositores de Valim.
“Depois que foi baixando a poeira, a gente começou a conversar, pessoas começaram a ver que o cara tem projeto. Ele abriu um diálogo. Ele conversou com um a um, explicou para que estava ali, que precisa de apoio”, ele relembra sobre a costura do prefeito.
Para que montasse a expressiva bancada situacionista também foi necessário repartir o poder. Como mostrado em reportagem do O POVO publicada em abril deste ano, concorrentes vencidos pelo prefeito do Pros foram incorporados à gestão.
Ex-postulantes ao Executivo, Emília Pessoa (PSDB), Sebastião Conrado (PMB) e Natécia Campos (PP), vice do ex-candidato Elmano de Freitas (PT), ocupam cargos no secretariado: respectivamente as pastas da Educação, da Agricultura e do Desenvolvimento Social.
“Os primeiros meses da gestão municipal em Caucaia têm sido em total harmonia entre o poder Executivo e Legislativo. Essa harmonia é fundamental para que os serviços públicos cheguem com qualidade a quem está na ponta, aos que mais precisam”, disse resumidamente Valim em nota.