Mesmo alvo de críticas e até de investigação na CPI da Covid por possíveis omissões e responsabilidade no atraso da vacinação no País, o governo de Jair Bolsonaro (sem partido) deve sofrer poucas repercussões negativas do problema nas eleições de 2022.
Esta é a tese de analistas políticos ouvidos pelo O POVO, que apostam na distância entre a fase mais crítica da pandemia e a disputa eleitoral do ano que vem como fator determinante para a pouca responsabilização do presidente pelo caso nas urnas.
“Os estudos eleitorais demonstram que a memória do eleitor costuma acionar, analisar essas situações, já perto da eleição. Então, quando for ano que vem, lá para junho, julho, se o Brasil tiver reduzido consideravelmente o número de mortos e infectados e tiver tido um real avanço na vacinação, essa negatividade com o presidente pode ser neutralizada”, diz o cientista político Cleyton Monte, da Universidade Federal do Ceará (UFC).
“A gente já começou a avançar com a vacinação, nós temos vários lotes, várias vacinas (...) aí ele (Bolsonaro) vai poder usar o discurso de que alcançou o objetivo do governo, que era vacinar. Então depende muito do tempo”, continua.
Ele destaca, no entanto, a possibilidade de a CPI da Covid acabar, ao apontar sinalizações de omissão e incompetência do governo no combate à pandemia, gerando impactos negativos ao governo.
“Bolsonaro está correndo contra o tempo porque além da vacinação ele tem que garantir que a atividade produtiva volte ao normal. Depende muito do tempo que ele vai conseguir isso. A gente sabe que já retomou aos poucos, e vivemos momento de queda de mortos e avanço da vacinação. A questão é, isso é sustentável, isso vai perdurar?”, questiona.